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O poder das imagens
 
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27/04/2009

O poder das imagens

Novos exames desvendam o corpo humano e possibilitam o diagnóstico de doenças com maior precisão e agilidade

 

RETRATO A tecnologia permite a visualização dos órgãos. À esq., imagens de áreas pouco irrigadas de pulmões (escuras). Acima, coração em 3D

Muitas das tecnologias que estão a serviço da medicina parecem ficção científica. O que dizer de uma pílula capaz de fornecer imagens detalhadas de todo o aparelho digestivo enquanto percorre o organismo?

A invenção da Philips, que também transporta medicamentos, chama-se Ipill e está disponível no Brasil. Mas, muito além do aspecto curioso, o melhor das últimas novidades em diagnóstico por imagem é que elas de fato estão salvando vidas. Quanto mais avançada e precisa a tecnologia, mais cedo um diagnóstico pode ser feito e o tratamento iniciado.

O coração está entre os principais beneficiados pelos avanços. No Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, estão disponíveis alguns dos principais exemplos desses modernos recursos. Um deles é a ecocardiografia com contraste de microbolhas. As microbolhas são estruturas microscópicas injetadas na corrente sanguínea e que emitem ondas de ultrassom, possibilitando a captação de imagens minúsculas sobre a circulação do sangue no coração. Isso significa que os especialistas têm uma visão de detalhes mínimos do funcionamento do órgão, e enquanto ele bate normalmente. As bolhas são formadas por cápsulas de proteína ou lipídeos que depois serão metabolizados. Além disso, a tecnologia apresenta uma vantagem em relação à ressonância magnética, outro método de diagnóstico por imagem. "Ela usa apenas ondas de ultrassom, e não radiação ionizante, que pode fazer mal ao organismo", afirma o cardiologista Wilson Mathias, diretor do Centro de Pesquisa em Cardiologia e Ecocardiografia do instituto.

A chegada do exame, porém, não implica a aposentadoria da ressonância magnética. A tecnologia vem sendo aprimorada e hoje possibilita resultados de alta qualidade. "No último ano, as melhorias ficaram mais evidentes", diz o cardiologista Clério Azevedo Filho, da rede D'Or, no Rio de Janeiro. O aparelho mais avançado para uso clínico tem um campo magnético com extraordinário poder de visualização, explica Romeu Côrtes Domingues, diretor da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI), do Rio, e diretor científico do Colégio Brasileiro de Radiologia.

Contra o câncer, as opções se diversificam, a exemplo do que está ocorrendo na cardiologia. Um dos recursos mais recentes disponível para os pacientes é a Tomografia por Emissão de Pósitron (PET, na sigla em inglês), oferecida em centros de saúde como o Hospital Pró- Cardíaco, no Rio, e no InCor. O aparelho é usado para ajudar a detectar a metástase, processo no qual um tumor prolifera pelo corpo. O equipamento realiza essa função com a ajuda de uma combinação de glicose e um componente radioativo injetada na corrente sanguínea. "É como se acendêssemos uma luz somente nas células tumorais", exemplifica Cláudio Tinoco Mesquita, chefe do Serviço de Medicina Nuclear do Pró-Cardíaco. Dessa maneira, os especialistas mapeiam onde estão as células doentes.

As tecnologias para diagnóstico, algumas vezes, se tornam também parte do tratamento. Isso acontece por exemplo com os miomas, que acometem pelo menos um terço das mulheres em idade reprodutiva. Apesar de serem, na maioria dos casos, inofensivos, eles podem culminar na retirada do útero, por uma cirurgia chamada histerectomia. As ondas de ultrassom emitidas pelo aparelho conhecido como ExAblate se combinam com a ressonância magnética e o resultado são imagens tridimensionais do mioma e do tecido ao redor. Ao mesmo tempo, o procedimento inativa o tecido do mioma, que será pouco a pouco absorvido pelo organismo. "Em três meses, cerca de 80% das pacientes relatam melhora significativa dos sintomas", diz a radiologista Fernanda Chagas, do Centro de Diagnóstico e Tratamento de Miomas do Hospital Barra D'Or, no Rio. Estuda-se a possibilidade de o equipamento vir a ser usado contra outras doenças, entre elas os tumores de mama, próstata e fígado.

 

A convergência das técnicas é um dos caminhos para uma evolução ainda maior dos diagnósticos. E espera-se para os próximos anos a descoberta de mais substâncias químicas que reajam especificamente em órgãos do corpo, como as microbolhas usadas pelo Incor apenas no coração. Menos radiação, mais resolução e rapidez de diagnóstico também estão em pauta. A imagem deve ajudar no futuro também no trato das doenças psiquiátricas. Mas toda essa sofisticação, é bom lembrar, ainda não dispensa a habilidade do médico no diagnóstico. "A interpretação do resultado é tão importante quanto a detecção de um problema", pondera Mesquita, do Pró-cardíaco. Além disso, infelizmente um dos maiores problemas continua sendo o acesso a essa modernidade - muitos exames são caros. "E temos muita burocracia para importar um equipamento do Exterior", reclama o presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, Sebastião Tramontin.

 

ESPORTE Baltar descobriu obstrução nas artérias. Tratou o problema e tem vida normal

Ação antes do infarto
Apesar de ter uma rotina de alimentação saudável e fazer exercícios físicos periodicamente, o comerciante Jackson Baltar, 60 anos, do Rio de Janeiro, não conseguiu escapar à herança de doenças cardíacas de sua família. Quando, há três anos, o irmão fez uma cirurgia para corrigir problemas cardiovasculares, por indicação médica ele decidiu recorrer a uma angiotomografia computadorizada. Mesmo sem nenhum sintoma, o comerciante acabou descobrindo três artérias obstruídas.

O problema permitia apenas 10% de passagem do sangue pelos vasos sanguíneos. Por causa dessa falta de irrigação, a possibilidade de um infarto era iminente. Há três anos, ele se submeteu a um procedimento médico para colocação de pequenas próteses metálicas, chamadas stents, que desobstruem os vasos. "Sempre fiz exames preventivos de rotina, que resultaram normais. Mas precisava desse cuidado a mais", reconhece.

 
MOVIMENTO Um exame de ressonância magnética revelou um coágulo na medula espinhal de Bruna. Operada, voltou a andar

Passos firmes
A carioca Bruna de Freitas Gonçalves, 1 ano e 8 meses, corre e brinca como qualquer criança, mas poderia ter perdido os movimentos das pernas não fosse um exame de ressonância magnética feito na hora certa. Há seis meses, quando começava a dar os primeiros passos, ela ficou uma semana sem mover as pernas. Bruna havia tomado vacinas e foi internada com suspeita de síndrome de Guillain-Barré - uma complicação rara causada por reação aos imunizantes. Para descartar a presença de tumor, a menina se submeteu à ressonância. Foi descoberto um coágulo que comprimia sua medula espinhal e que poderia deixá-la paraplégica. Bruna foi operada no mesmo dia. "Foi uma semana de agonia. Mas estávamos bem amparados e tudo deu certo", diz a mãe, Camila Amado de Freitas, 31 anos.

 


Autor: Renata Cabral e Gustavo de Almeida
Fonte: Isto É Independente

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