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Pesquisadores buscam droga capaz de intensificar memórias antigas
 
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12/03/2011

Pesquisadores buscam droga capaz de intensificar memórias antigas

Substância teria um apelo para pessoas com risco de demência

Durante anos os cientistas sonharam em desenvolver um verdadeiro amplificador de memória, uma droga capaz de sintonizar o motor de busca biológico do cérebro, para que ele fosse ainda melhor em encontrar não apenas fatos recentemente aprendidos, como o menu do jantar de ontem, mas detalhes que parecem perdidos na neblina do tempo, como nomes de colegas de classe da infância.
 
Essa substância teria um apelo óbvio – para pessoas com risco de demência, para mencionar apenas um grupo – mas a busca tem sido muito lenta.
 
Estimulantes como cafeína e nicotina podem afiar a memória, mas, assim como outros intensificadores, precisam ser tomados quando a informação é aprendida ou recuperada, para fazerem diferença.
 
"Cutucar" o sistema
 
Agora, pesquisadores de Israel e Nova York relatam terem sido capazes de fortalecer memórias formadas no passado, usando uma substância cerebral envolvida na fixação e manutenção da memória. A descoberta, relatada na revista “Science”, é um de dois recentes estudos nos quais neurocientistas usaram moléculas ativas na formação da memória para, de fato, “cutucar” o sistema e melhorar a lembrança. Ambos os estudos foram conduzidos em roedores, que oferecem um modelo bastante grosseiro para a memória humana.
 
“A ideia de que uma memória mais antiga possa ser fortalecida é uma descoberta animadora”, disse Jim McGaugh, neurocientista da Universidade da Califórnia, que não esteve envolvido na pesquisa. “Mas isso também levanta a questão: como funciona? E se aplica a todas as memórias?”
 
No estudo, pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Rehovot, Israel, e do Centro Médico Suny Downstate, em Nova York, descobriram que dar aos roedores uma infusão de uma enzima conhecida por estar ativa no armazenamento de memórias acentuou fortemente a aversão deles por tomar um líquido doce. Os animais tinham aprendido, seis dias antes, que o líquido poderia deixá-los doentes.
 
Seis dias é muito tempo para um roedor, esclareceu Todd C. Sacktor, neurocientista da Suny Downstate e um dos autores do artigo. “Durante anos pensamos que, quando a memória entra no armazenamento de longo prazo, não podemos fazer nada com ela; ela pouco a pouco se apagaria. Mas parece que isso não é verdade”.
 
Os pesquisadores argumentam que a substância injetada por eles pode agir em quase qualquer memória que o cérebro tente recuperar enquanto a droga estiver ativa. “É pouco provável que essa memória, apesar de intensificada, não esteja sujeita a processos de enfraquecimento com o tempo”, afirmou, por e-mail, Yadin Dudai, do Instituto Weizmann. “Não achamos que seremos capazes de criar algo como um Funes, o famoso protagonista ficcional de Jorge Luis Borges que se lembrava para sempre de todos os detalhes com que se deparou na vida”.
 
Entretanto, num artigo publicado várias semanas antes, pesquisadores da Escola de Medicina Monte Sinai mostraram que poderiam fazer uma memória específica durar um bom tempo – novamente, usando uma substância cerebral envolvida no aprendizado inicial. Roedores que receberam uma injeção da substância, chamada de fator de crescimento, imediatamente depois de aprender como evitar um choque em sua jaula retiveram a memória da experiência que estava tão fresca quanto uma semana depois do primeiro dia, ou mais.“É uma substância envolvida na regulação natural da consolidação da memória, e uma injeção dela desacelera significativamente o esquecimento”, afirmou Cristina M. Alberini, neurocientista do Monte Sinai e coautora de um estudo anterior, publicado na “Nature”.
 
Transformar essas descobertas em drogas úteis já é outra questão, dizem os especialistas. Os pesquisadores ainda têm pouca noção de como essas drogas experimentais aguçam as memórias, se afetam apenas memórias específicas, ou que riscos apresentam. “Trabalho com a melhoria da memória desde 1957, e não conheço uma única droga que tenha se originado de trabalhos com animais e que mais tarde foi desenvolvida para humanos”, disse McGaugh. “É um trabalho bastante interessante; agora vamos ver aonde vai”.

Autor: Benedict Carey
Fonte: UOL - Ciência e Saúde

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