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15/03/2011

Apoio a distância

Diagnósticos mais precisos

A dona de casa Cacilda Geralda, de 69 anos, fazia o almoço de sua família, na pequena cidade de Moeda, a 70 quilômetros de Belo Horizonte (MG), quando começou a sentir uma forte dor no peito e dormência nas mãos e nos pés. Os médicos chamados, do próprio município, iniciaram os procedimentos clínicos básicos e fizeram um eletrocardiograma, que foi enviado por e-mail para um cardiologista de Belo Horizonte. Ao analisar o exame, recebido em tempo real, o especialista constatou que dona Cacilda estava tendo um infarto do miocárdio. Imediatamente, ela foi encaminhada para um hospital na capital mineira, onde foi submetida a uma cirurgia de urgência. A rapidez no diagnóstico – e no atendimento – salvou sua vida.

O caso de Cacilda Geralda é um bom exemplo dos benefícios que a medicina a distância, ou telemedicina, traz para a população – e também para os profissionais do setor e a própria administração pública. O conceito consiste na utilização de tecnologias da informação e comunicação, como a internet e até o telefone celular, para transmitir exames e, principalmente, para permitir a troca de informações entre médicos de localidades distantes das grandes cidades e especialistas de centros de referência em várias áreas da medicina, como a cardiologia.

Com isso, o paciente recebe um diagnóstico mais preciso e um tratamento adequado, enquanto o médico generalista, de bairros mais afastados ou cidades distantes, conta com a segunda opinião de um especialista, com o qual pode tirar dúvidas e até mesmo aprender. Já para o gestor de serviços públicos de saúde, além de melhorar a qualidade do atendimento prestado à população, a telemedicina – ou telessaúde – propicia redução nos gastos, principalmente com o transporte de pacientes para os grandes centros.

E, dependendo da localização desse paciente, os gastos podem ser expressivos. No Amazonas, por exemplo, existem municípios com quase 1.500 quilômetros de distância da capital Manaus e em que a viagem só pode ser feita por barco, levando vários dias. Nesses casos, segundo o médico Pedro Elias de Souza, diretor geral do Hospital Universitário Francisca Mendes, de Manaus, o custo da remoção chega a R$ 25 mil. Com a telemedicina, boa parte dessas viagens pode ser evitada. Estudos do Ministério da Saúde, que vem implantando no país o Programa Telessaúde Brasil, revelam que em 60% a 70% dos casos, em média, a segunda opinião do especialista evitou a remoção do paciente para tratamento em um hospital, ou até em outra cidade.

Diante dos benefícios desse recurso, cresce em todo o país a quantidade de iniciativas nessa área e, ao mesmo tempo, a adesão de estados e municípios a programas de telemedicina. Um dos mais abrangentes é o Telessaúde Brasil (www.telessaudebrasil.org.br), criado com o objetivo de servir de apoio às equipes que atuam no Programa Saúde da Família, em todo o país. “O conceito é o da segunda opinião formativa, com foco na assistência e na qualificação do profissional de saúde”, explica Ana Estela Haddad, diretora do departamento de Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde.

Programa em expansão

A implantação do programa começou em 2008, com um piloto envolvendo nove estados: Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Em cada um deles, foi criado um Núcleo de Telessaúde dentro de uma universidade pública – o de São Paulo, por exemplo, fica na Faculdade de Medicina da USP –, sendo que cada núcleo é responsável pelo atendimento a pelo menos cem unidades de Saúde da Família. Atualmente, segundo Ana Estela, o programa beneficia 1.054 unidades desse tipo, número que deverá ser ampliado com a expansão do Telessaúde Brasil iniciada neste ano. A intenção é implantar o programa em mais 14 estados – Acre, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará e Tocantins são os que estão em processo mais adiantado. Além disso, a expansão também prevê a implantação do programa em áreas indígenas, no estado de Roraima.

Para atender a essa ampliação, o Ministério da Saúde fez uma grande licitação para a compra de equipamentos – basicamente, computadores com webcam e microfone –, que já estão sendo entregues às unidades. Em troca, o município ou estado deve ter disponível uma conexão de banda larga para acesso ao serviço, que se baseia na internet. Por meio de uma parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Telessaúde Brasil vem utilizando redes dedicadas de alta velocidade – em especial, a Rede Universitária de Telemedicina (Rute), que interliga hospitais universitários e é coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) – principalmente para promover a capacitação de profissionais de saúde, por meio de webconferências sobre os mais variados temas.

“Para o gestor, a vantagem é que a qualificação do profissional de saúde não tem custo e pode ser feita sem que ele precise sair da sua cidade”, destaca o médico e professor Chao Lung Wen, chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Núcleo de Telessaúde de São Paulo. Atualmente, esse núcleo tem cem pontos implantados – número que, até setembro, será ampliado para 210 – e 4.500 profissionais cadastrados.

No Amazonas

O programa Telessaúde está implantado em 46 dos 62 municípios do estado, que utilizam basicamente a comunicação via satélite (recursos do Gesac em algumas localidades e serviços contratados da Hughes, em outras) para a transmissão de exames e a realização de teleconsultas. Além da clínica médica, uma das especialidades atendidas por meio do programa é a cardiologia. O atendimento é feito pelo Hospital Universitário Francisca Mendes, da Universidade Federal do Amazonas, que dispõe de uma central de laudos de eletrocardiograma (ECG) e do serviço de teleconsultas. “Em um ano de funcionamento, a central emitiu quase 60 mil laudos de exames”, revela Pedro Elias de Souza, que também coordena o Núcleo Amazonas do Telessaúde. Já as consultas a distância chegaram a 600 em julho, seis meses após a criação do serviço.

“Casos de cardiopatia congênita adulta, por exemplo, têm sido identificados por meio da teleconsulta”, diz Souza. Em geral, essas consultas são marcadas com antecedência e, na véspera, o especialista recebe, pela web, o prontuário e os exames do paciente, para que possa fazer uma avaliação prévia. Durante a teleconsulta, realizada com a presença do paciente, o cardiologista discute o caso com o médico generalista e o orienta sobre o tratamento adequado.

“Esse tipo de serviço tem três grandes impactos na região: a satisfação do paciente por estar sendo atendido por um especialista, a fixação do médico no interior e a redução dos gastos com remoção de pacientes”, resume Souza. Por isso, além de estender o atendimento na área de cardiologia para mais municípios, o núcleo do Telessaúde no Amazonas está implantando a teleconsulta em mais uma especialidade: ginecologia. Com foco na prevenção do câncer de mama, o serviço terá como suporte a transmissão de exames radiológicos – principalmente mamografia – para os especialistas do Hospital Universitário emitirem os laudos.

Já em Goiás, o núcleo do Telessaúde Brasil atende 89 cidades (do total de 246 municípios do estado) e tem 151 pontos instalados. Além do atendimento à saúde primária, o núcleo também oferece o serviço de telecardiologia, que envolve a avaliação e emissão de laudos de exames de ECG realizados a distância – nas unidades básicas de saúde – pelos especialistas do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Segundo o médico oftalmologista Alexandre Taleb, coordenador do núcleo, cerca de 4 mil laudos já foram emitidos desde o início desse serviço.

Além disso, Goiás é o único dos nove núcleos do Telessaúde Brasil a realizar exames de teleoftalmologia, visando detectar precocemente doenças que possam causar cegueira, como glaucoma, retinopatia diabética, catarata e degeneração macular relacionada à idade. “A detecção precoce permite reverter ou estabilizar a doença, evitando a evolução que pode levar à cegueira”, diz Taleb. Ele explica que, para a realização do exame, um retinógrafo (aparelho que fotografa o fundo do olho) é deslocado até as unidades básicas de saúde que atendem grupos de risco, como pacientes com diabetes e hipertensão. O arquivo com a imagem capturada pelo aparelho, que tem cerca de 3,5 MB, é compactado e enviado pela internet para os especialistas do centro de referência em oftalmologia da Universidade Federal de Goiás. Esses médicos analisam o exame e mandam o diagnóstico também pela web, juntamente com a orientação sobre o tratamento a ser adotado.

Prevenção de câncer em mulheres

O câncer de colo do útero é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no mundo – só no Brasil, são registrados mais de 18 mil novos casos por ano. Por outro lado, esse é o único câncer ginecológico que pode ser prevenido por meio da realização de exames periódicos, como o Papanicolau. “Com os exames, é possível detectar as lesões que precedem o câncer de colo do útero (Incolo) e fazer uma investigação mais profunda, antes que elas cheguem ao estágio de doença”, explica o médico Paulo Naud, presidente do Instituto de Prevenção do Câncer de Colo do Útero, do Rio Grande do Sul. Foi com o objetivo de ampliar a cobertura desses exames no território gaúcho que o Incolo lançou, em parceria com as secretarias de Saúde e da Ciência e Tecnologia do estado, um programa de telemedicina voltado para a prevenção do câncer.

A ideia é usar a internet para dar treinamento e orientação on-line a médicos e profissionais de saúde de municípios mais distantes, para que eles possam realizar, nas próprias unidades da rede pública, os procedimentos adequados de coleta de material dos exames, bem como a avaliação de resultados. O treinamento e a assistência remota, em tempo real, serão dadas pelos especialistas do Incolo, em colaboração com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre – os municípios que aderirem ao programa precisam dispor de uma conexão de banda larga. “Em 90% dos casos, é possível resolver o problema na própria cidade”, acredita Naud.

Com isso, o programa deverá beneficiar principalmente as mulheres que moram em municípios mais afastados. É o caso da pequena Ibirubá, cidade a 238 km de Porto Alegre que tem cerca de 18 mil habitantes, boa parte na área rural. “A maioria das ocorrências de câncer de colo de útero está no interior, porque as mulheres não vêm à cidade para fazer os exames preventivos”, conta Carlota Artmann, secretária de Saúde de Ibirubá, um dos sete municípios gaúchos que aderiram à fase piloto do programa do Incolo.

Autor: Redação
Fonte: Wirelessmundi

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