Pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que as mutações que causam o nanismo (baixa estatura) podem também diminuir o risco de câncer e de diabetes.
O estudo, divulgado pela publicação científica "Science Translational Medicine", durou 22 anos e foi feito com uma comunidade nas encostas dos Andes, onde há várias pessoas com a síndrome de Laron ? defeito em um gene que impede a utilização do hormônio do crescimento.
Os pesquisadores encontraram, durante todos esses anos, apenas um caso de câncer (não fatal). Não houve nenhuma evidência de diabetes entre as cem pessoas com a síndrome. Já entre aquelas de estatura normal, 17% tiveram câncer e 5%, diabetes. Os cientistas avaliaram que um dos motivos para a ocorrência das doenças seria o hormônio do crescimento, já que todas as pessoas tinham os mesmos fatores genéticos e viviam no mesmo ambiente.
Ainda não está claro para os pesquisadores como a deficiência do hormônio de crescimento pode proteger ou afetar alguém. A ideia, agora, é desenvolver um tratamento a partir do bloqueio dos hormônios em adultos que possuem alta taxa, mas somente em famílias que tenham alta incidência de câncer e diabetes.
Tipos
O nanismo tem várias causas e pode ser dividido em proporcionado e não proporcionado. O primeiro tipo é provocado por deficiência de hormônio do crescimento ou da tireoide, por alterações anatômicas da hipófise (glândula que produz os hormônios), causas genéticas, tumores cerebrais, traumas no parto e por doenças crônicas renais, do fígado e reumatológicas. Já o tipo não proporcionado é causado por deficiências ósseas e tem como características braços e pernas mais curtos.
A causa mais comum da baixa estatura é a deficiência do hormônio do crescimento. Os sintomas começam a aparecer depois dos quatro, cinco anos de idade, até porque até os dois anos o crescimento independe do hormônio. "Um bebê nasce com 50 centímetros, mais ou menos, e tem cerca de um metro com um ano de idade. Nessa fase, ele cresce mesmo sem ter o hormônio", explica a endocrinologista Roberta Frota Villas Boas, do Hospital 9 de Julho.
Não há prevenção para o nanismo, pois ele ocorre, em geral, devido a uma alteração congênita. O tratamento, nos casos de deficiência do hormônio do crescimento, deve ser iniciado nos primeiros anos de vida. Nesses casos, ele é eficaz e a pessoa terá uma estatura normal. "O tratamento é feito com o próprio hormônio do crescimento, que é injetado na criança. Nos casos de doenças crônicas, se o problema de base for tratado, a criança também cresce", explica a endocrinologista pediatra Leandra Steinmetz, do Hospital Samaritano.
Tratamento dura infância e puberdade do paciente
O tratamento para casos de deficiência do hormônio do crescimento é injetável e deve ser iniciado logo nos primeiros anos de vida, quando já é possível perceber alterações no crescimento da criança. Ele dura até por volta dos 16 ou 17 anos e deve ser acompanhado por
um endocrinologista.
Demora em receber hormônio diminui sucesso
Quanto mais tarde o tratamento for iniciado, mais chances há de a criança não conseguir atingir uma estatura normal, nos casos tratáveis. O acompanhamento médico é fundamental.
R$ 2.000
é o custo médio mensal do tratamento injetável
Resistência a hormônio é caso bem mais raro
O nanismo, em geral, não é hereditário. Nos casos mais comuns, que envolvem o hormônio do crescimento, pode haver deficiência na produção ou resistência ao hormônio.