O comportamento violento entre crianças e adolescentes é um problema complexo, presente em inúmeras culturas. Recentemente, com o desenvolvimento de novas ferramentas de comunicação, criou-se o espaço para um novo tipo de violência: o cyberbullying. Sustentado pela sensação de anonimato, o agressor pode sentir-se seguro e, em certa medida, até mais "confortável" para expressar seu comportamento.
De acordo com Smith (2006), o cyberbullying já pode ser considerado uma forma de violência deliberada, no qual a vítima apresenta poucos recursos para se defender. As tecnologias hoje disponíveis são extremamente compatíveis com a disseminação rápida de conteúdo, o que torna a questão ainda mais relevante em seus aspectos relacionados ao bullying.
Ybarra e Mitchell (2004), em um dos estudos pioneiros sobre o tema, verificaram em uma amostra de 1.501 crianças e adolescentes, que cerca de 12% tinham alguma participação com o cyberbullying. Os autores acrescentam ainda que o fenômeno tem alguns aspectos em comum com o bullying indireto, sobretudo no tocante à disseminação de rumores e revelação de conteúdo confidencial.
Como funciona a agressão
Os agressores, através de postagem de fotos, vídeos, criação de páginas com insultos, compartilhamento de informações e ataque à contas de e-mail, violentam suas vítimas ao longo do tempo. Os sites de redes sociais, por sua vez, buscam constantemente desenvolver ferramentas para impedir a ocorrência de veiculação de material impróprio.
Embora muitas das formas de bullying, conhecidas pelos pesquisadores, tenha encontrado nas plataformas de comunicação web uma forma plausível de ocorrência, alguns pesquisadores têm identificado particularidades do cyberbullying. Dentre essas, Calvete et al (2010) citam o fenômeno "bombing", "flaming" e "happy slapping".
O "bombing" (explosão) consiste em bombardear o e-mail ou outro serviço da vítima, através do envio de centenas de e-mails agressivos, impossibilitando-a de reagir ou mesmo interrompendo o acesso ao serviço. Flaming diz respeito à uma forma de briga virtual, com uso de linguagem agressiva e vulgar. O "Happy slapping", por sua vez, é o compartilhamento de materiais gravados de celulares no qual a vítima encontra-se em situação de agressão e humilhação.
Referências
Calvete, E. et al. Cyberbullying in adolescents: Modalities and aggressors’ profile. Computers in Human Behavior, v. 26, p. 1128–1135, 2010.
Smith, P. Ciberacoso: naturaleza y extensión de un nuevo tipo de acoso dentro y fuera de la escuela. Paper presented at Education Congress, Palma de Mallorca, Spain, 2006.
Ybarra, M. L.; Mitchell, K. J. Online aggressors/targets, aggressors, and targets: A comparison of associated youth characteristics. Journal of Child
Psychology and Psychiatry, v. 45, p. 1308–1316, (2004).