Dois britânicos contraíram um tipo raro de câncer depois de passarem por transplantes de rins recebidos de um mesmo doador.
Robert Law, 59 anos, e Gillian Smart, 47, receberam os órgãos no Hospital Real de Liverpool em 26 de novembro do ano passado. A doadora, uma mulher de 56 anos, havia supostamente morrido de hemorragia cerebral.
No entanto, uma autópsia realizada depois que os transplantes foram feitos revelou que a doadora sofria de linfoma intravascular de células B, um tipo raro e bastante agressivo de câncer.
Law e Smart já foram diagnosticados com a doença e estão passando por quimioterapia. Uma investigação sobre o caso está sendo realizada pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS, sigla em inglês) e pela fundação que administra o Hospital Real de Liverpool.
Ambos os pacientes querem saber por que a doença não foi descoberta antes dos transplantes e cogitam ir à Justiça. Tanto Law quanto Smart tinham a opção de receber rins de seus irmãos, mas foram convencidos a aceitar os órgãos da doadora com câncer. Segundo Smart, “sendo um paciente renal, você aceita a morte muito rapidamente. Você vê muita morte quando faz hemodiálise".
- Eu não esperava ter de aceitar uma morte causada por câncer. Este é um câncer bastante sério e difícil de combater.
Law também está indignado.
- Eu achei que deveria ir até o fim disso em nome de qualquer pessoa na mesma posição, porque existem 10 mil pessoas por ano (no Reino Unido) que esperam por transplantes. Eu acho que elas devem saber que quaisquer órgãos que elas recebam são adequados e que elas não vão ser infectadas por câncer ou qualquer outra doença.
Desconhecimento
Segundo o diretor médico do Hospital Real de Liverpool, Peter Williams, “quando os rins foram transplantados, a equipe cirúrgica não tinha ideia de que o doador poderia ter câncer".
- Este é um momento muito difícil e angustiante para Rob e Gillian, e nós continuamos a oferecer total apoio, cuidado e tratamento a eles.
O diretor do setor de Sangue e Transplantes do NHS, James Neuberger, afirma que a transferência de males para receptores de órgãos é muito rara, e que a probabilidade de isso ocorrer é maior quando os doadores são mais velhos.
Neuberger admitiu que a escala desse problema no sistema de saúde britânico ainda é desconhecida, mas completou: “transplantes não são livres de risco. Estes órgãos são de segunda mão”.