Dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) revelam que 100% dos contratos assinados entre as 30 maiores operadoras de plano de saúde do país e os médicos prestadores de serviço estão irregulares. De acordo com resolução da ANS de 2004, os contratos deveriam conter uma cláusula com os critérios para reajuste dos honorários médicos, o que é descumprido pelas empresas. A irregularidade também vem sendo denunciada pelas entidades médicas, que organizam para amanhã uma paralisação nacional no atendimento eletivo a pacientes de planos de saúde.
Segundo Antonio Endrigo, gerente-geral de Integração Setorial da ANS, as 30 operadoras incluídas no programa de monitoramento da agência representam 56% do mercado de saúde suplementar.
- Criamos esse programa em junho de 2010 porque não tínhamos conhecimento de quem estava cumprindo a resolução de 2004.
Endrigo não revelou o nome das empresas monitoradas. As operadoras que correspondem aos outros 44% do mercado ainda não estão sendo monitoradas pela agência.
- São mais de mil empresas. Optamos por deixá-las para um segundo momento, pois seria difícil monitorar todas.
A agência solicitou às 30 maiores operadoras que enviassem propostas para adequação dos contratos e afirma que vai multar quem não atender à solicitação.
- Depois que chegarmos a um consenso sobre a proposta, as empresas terão um prazo para adequar sua rede credenciada.
Para representantes dos médicos, no entanto, a solução da agência não é a ideal, é o que diz o diretor da AMB (Associação Médica Brasileira), Florisval Meinão.
- Em vez de perder tempo analisando individualmente mais de 2 milhões de contratos, a ANS deveria simplesmente determinar que fosse feito um adendo contratual.
O descumprimento das regras pelas operadoras e a morosidade da ANS em fiscalizá-las, afirmam as entidades médicas, resultou na desregulação econômica na saúde suplementar.
Defesa
Procurada pela reportagem, a Fenasaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), entidade que congrega 15 grandes operadoras de planos de saúde, informou que o reajuste médio do valor das consultas médicas praticado por suas afiliadas entre 2002 e 2010 variou entre 83,33% e 116,30%.
- Os índices são significativamente superiores à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) no mesmo período, que foi de 56,68%.
A Fenasaúde afirmou ainda que os valores são reajustados anualmente nas datas-bases acordadas nos contratos em vigor.