Até fevereiro, Nathan e Elisa Bond eram um casal de 30 e poucos anos tão comum quanto os que encontramos no Brooklyn. Nathan, 38, era professor e artista; Elisa, 36, trabalhava para um agente imobiliário; a filha deles, Sadie, havia completado 1 ano no outono. A última coisa que passava pela cabeça deles era câncer.

De fato, quando Nathan Bond começou a ter problemas gastrointestinais no último verão, ele achou que pudesse ser intolerância à lactose. Um infectologista diagnosticou uma infecção parasitária, continuando a tratá-la mesmo com a piora nos sintomas.

Apenas quando Nathan consultou um especialista gastrointestinal, por insistência da mulher, é que ele realizou uma colonoscopia. No dia dos namorados nos Estados Unidos (14 de fevereiro), ele soube que tinha câncer retal no estágio 3.

"Foi muito assustador e avassalador", disse a esposa. "Mas pensei: 'Vou cuidar dele. Vou fazer o que for preciso'. Pensei nisso como uma chance de mostrar a ele o quanto eu o amo". Mas nove dias depois Elisa Bond recebeu um diagnóstico de câncer de mama.

O médico recentemente havia solicitado uma mamografia depois que Elisa encontrou um caroço no seio, mas o exame teve de ser adiado por algumas semanas para que ela pudesse desmamar a filha Sadie. Como ela possuía um histórico de cistos mamários, Elisa não estava preocupada.

Porém, menos de uma semana após o diagnóstico ela soube que o câncer estava no estágio 4, o mais avançado, e já havia se espalhado para o fígado, ossos pélvicos e espinha.

Ter um cônjuge com uma doença grave já é duro. Mas o que acontece quando ambos os parceiros ficam doentes?

Pesquisadores há muito tempo se interessam pelo papel que os relacionamentos desempenham nos casos de câncer, e vice-versa. Em 2009, um relatório publicado no jornal "Cancer" descobriu que as mulheres que sofriam de uma doença séria tinham sete vezes mais probabilidade de se separar ou se divorciar em comparação aos homens com problemas de saúde similares. Outros estudos mostram que pacientes de câncer que são casados possuem índices de sobrevivência mais altos do que pacientes separados ou divorciados.

No entanto, não existem estatísticas sobre casais que devem lidar com a doença ao mesmo tempo. Nem Nathan nem Elisa Bond possuem histórico de câncer na família, e diagnósticos de câncer em estágio avançado antes dos 40 anos são incomuns para qualquer indivíduo _ quanto mais para dois parceiros ao mesmo tempo.

Eles estão enfrentando os desafios juntos. "Sempre fomos um casal bem unido, como um time", disse Elisa, em entrevista. "Fazemos tudo juntos. Ter câncer juntos foi algo estranho, mas que se encaixa na nossa descrição".

Para manter parentes e amigos atualizados, Elisa iniciou um blog (familybondingtime.blogspot.com) sobre o diagnóstico e o tratamento do casal. Amigos criaram um site chamado "Amigos de Nathan e Elisa" para levantar recursos para contrapor os custos os com tratamentos. Logo a história do casal se espalhou e eles recebem inúmeros e-mails de apoio.

"Nossas vidas não são trágicas", disse Elisa. "Sempre nos sentimos abençoados e felizes. É difícil tirar isso de nós mesmo diante de algo assustador e aparentemente insuperável".Para Nathan, uma grande prioridade "é estar ali para minha mulher e filha quando elas precisarem". "Sinto que muito disso foi tirado de mim pelo tumor", disse.

Enquanto o casal passa pela quimioterapia, eles vêm contando com os amigos e parentes para levá-los aos médicos, ajudar a cuidar dos afazeres domésticos em Bay Ridge e ajudar a cuidar de Sadie. Mas algumas vezes eles dependem um do outro.

Na primeira semana de quimioterapia de Elisa, ela precisou de Nathan e o chamou _ ele estava em outro quarto. Mas ele estava exausto em decorrência do seu próprio tratamento.

"Eu não podia me levantar num salto e correr para ela", disse. "Tive de me levantar lentamente e caminhar até o outro lado da casa. Isso foi frustrante".

Mesmo assim, ambos dizem que ter câncer juntos dá a cada um deles uma visão única sobre as necessidades e desafios do outro, e surpreendentemente permite que eles passem mais tempo juntos.

"Se você vai estar doente na cama, pelo menos a pessoa ao seu lado é alguém com quem você gosta de estar", disse Elisa. "É uma coisa pequena, mas ajuda".

A experiência compartilhada os ajuda a focar na importância de manter a vida o mais normal possível. Eles ainda têm briguinhas bobas sobre coisas simples como roupa suja e ainda deixam Sadie de castigo quando ela se comporta mal.

"Se eu deixar esta vida, vou embora sabendo que tenho uma criança que sabe se comportar", disse Elisa. "A vida está seguindo e tento mantê-la o mais normal possível. Há muito tempo para amor e muito tempo para a disciplina _ não preciso sacrificar um deles só porque nós temos câncer".

Nathan diz estar agradecido pelos amigos, que vêm tendo uma atitude prática e amorosa ajudando-os, focando na logística de curto prazo e na arrecadação de recursos para o longo prazo. Ele também se emociona com e-mails de amigos dizendo que a relação tão próxima do casal os inspira.

"Ela é uma ótima companheira de câncer _ é uma frase estranha agora que estou dizendo alto", disse Nathan. "Ela é tão forte, eu admiro a forma como lida com a doença. Isso me dá forças para lidar com ela de uma forma ainda melhor. Eu não teria câncer com mais ninguém, só com ela".