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Medidas podem combater queimaduras por álcool no País
 
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17/05/2011

Medidas podem combater queimaduras por álcool no País

Estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública da USP

Acidentes que envolvem a utilização do álcool são uma das principais causas de queimadura no Brasil. Como aponta a pesquisa do médico Gino Arrunátegui, por trás de números e estatísticas existem diversas circunstâncias sociais e culturais capazes de tornar uma pessoa mais ou menos vulnerável a situações de riscos de queimadura. O estudo, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sugere medidas e oferece subsídios ao poder público para que combatam o problema e protejam principalmente os mais vulneráveis, como crianças de famílias de baixa renda.

“A sobretaxação no preço do álcool ‘mais perigoso’, de concentração mais elevada, por exemplo, pode direcionar o consumo para o álcool menos perigoso, consequentemente mais barato, principalmente nas populações mais pobres, pois elas optariam por pagar o menor preço”, aponta o pesquisador. De acordo com o estudo, o álcool é usado como produto de limpeza na maioria dos lares brasileiros. É utilizado como combustível para acender churrasqueiras e fogueiras. Além disso, é aplicado na pele como remédio: misturado à cânfora, para contusões, ou embebendo uma fralda colocada em volta do pescoço, para “baixar” a febre.

Propostas
O médico conta que o reconhecimento da queimadura por álcool como um problema social e de saúde pública veio à tona em 2002, com uma intervenção governamental: a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que restringia a comercialização da substância em grandes concentrações. No entanto, os maiores fabricantes do produto foram liberados judicialmente de acatarem à Resolução dias antes de acabar o prazo limite de adequação. “Porque o poder público não tinha subsídios suficientes, esses fabricantes conseguiram descaracterizar as ‘provas’”.

A partir da pesquisa, orientada pelo professor Arnaldo A. F. de Siqueira, defendida no dia 4 de maio de 2011, o poder público passa a ter esses subsídeos, e pode pensar em uma reformulação da Resolução de 2002, com uma proposta de estimular a população a escolher os produtos mais seguros.

Além da sobretaxação, a disponibilização obrigatória de combustível sólido junto ao pacote de carvão aparece como proposta capaz de amenizar o problema. Segundo Arrunátegui, colocar advertências mais visíveis nas embalagens do produto, que deixem claro os riscos de acidentes, é também uma medida que deve ser tomada. Mas o autor afirma que é essencial uma política fiscal efetiva que funcione em parceria com essas normas.

Vulneráveis
De acordo com o estudo, uma pessoa pode ser mais vulnerável a acidentes por pertencer a uma classe social mais baixa. Como exemplo, Arrunátegui conta que “fazer churrasco pode ser mais perigoso para uma pessoa pobre, pois ela não pode pagar por uma churrasqueira com dispositivos de segurança ou por combustível sólido, como poderiam os membros de uma classe social mais alta. “Quando falamos em crianças, as que pertencem a uma família de baixa renda correm ainda mais riscos, uma vez que a própria infância já é um período de vulnerabilidade a acidentes.”

Um dos primeiros passos da pesquisa foi a coleta de dados sobre casos de queimaduras no Brasil, como o número de vítimas. O médico aponta que não existe um banco de dados brasileiro com esse tipo de informação, o que dificulta as análises que dão origem às medidas. Em vista desse obstáculo, Arrunátegui propõe que seja adotado um código específico no banco de dados do Ministério da Saúde para notificação das internações por queimaduras com álcool. “Isso vai colaborar para que a população e o poder público avaliem as intervenções e resoluções relacionadas às queimaduras com informações de qualidade”.

A segunda etapa do estudo foi entrevistar os pais de crianças vítimas de queimaduras por álcool, com a finalidade de entender “quem era essa vítima” e “como aconteceu o acidente”. As entrevistas aconteceram com 16 pais, no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Como o HC é um hospital público, a maioria dos pais pertencia às classes mais populares”, conta o médico. “Os depoimentos mostram que o acidente reflete a maneira como essas famílias vivem e como tentam cuidar dos seus filhos no dia-a-dia, dando conta das atividades da rotina características de seu grupo social.”



Autor: Glenda Almeida
Fonte: Agência USP

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