Na indústria alimentícia, o processo de hidrogenação de ácidos graxos vem sendo utilizado como alternativa ao uso de gorduras de origem animal, associadas a doenças como aterosclerose. Recentemente, muitas empresas começaram a utilizar o selo “livre de gordura trans”.
Dessa maneira, a equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), procurou investigar as composições de ácidos graxos em alguns alimentos disponíveis no mercado que se dizem “livres” ou com teor reduzido de gordura trans, de modo a compreender se os níveis presentes estão de acordo com as quantidades de consumo recomendadas. Foram avaliados os seguintes produtos: margarina cremosa A e B, margarina com fitosterol, biscoito doce recheado, biscoito salgado sem recheio, batata frita, e refeição fastfood de cadeia multinacional, que alega 0% de gordura trans. Além disto, para realizar comparações, os pesquisadores analisaram a manteiga tradicional (fonte de gordura saturada) e a margarina de mesa dura (fonte de gordura trans).
Os pesquisadores descobriram que os alimentos que indicam teor reduzido ou zero de gordura trans de fato o são. Contudo, as análises realizadas no laboratório de lípides, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, indicam que, embora haja diminuição de gorduras trans, verifica-se a presença de grandes quantidades de ácido palmítico, que, quando consumidos irrestritamente, favorecem ao aparecimento de diversas doenças.
Do mesmo modo, alimentos “zero trans” não implicam em “zero calorias”, conforme ponderam os pesquisadores. Assim, deve-se atentar para a densidade calórica dos mesmos, já que seu consumo abusivo pode resultar em diabetes, obesidade, hipertensão, dentre outros males.
A pesquisa acima foi publicada recentemente na Revista da Associação Médica Brasileira, e pode ser acessada diretamente
por este link.
Referência
GAGLIARDI, A. C. M.; MANCINI FILHO, J.; SANTOS, R. Perfil nutricional de alimentos com alegação de zero gordura trans. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 55, n. 1, p. 50-53, 2009.
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