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A dor do brasileiro
 
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07/05/2009

A dor do brasileiro

O mapa das dores que mais fazem as pessoas sofrerem

O brasileiro não anda bem. Seu joelho dói. A cabeça, os dentes e as costas também. E sabe o que ele faz diante de tudo isso? Não faz. O brasileiro aguenta mais do que pode - ou deveria. Uma pesquisa inédita encomendado pelo laboratório Pfizer e realizada pelo Ibope com 1.400 pessoas em nove capitais brasileiras traçou o mapa da dor no País.

O diagnóstico é péssimo: nós empurramos o sofrimento físico com a barriga. E, quando resolvemos agir, o primeiro impulso é tomar remédio sem aconselhamento médico. Aliás, se o caso for pedir conselho, a coisa só piora. Os primeiros da lista serão alguém da família, um amigo, o vizinho, o farmacêutico. Esgotada a solução caseira, vamos ao especialista.

"Às vezes tarde demais", afirma a fisiatra Lin Tchia Yeng, coordenadora do Centro da Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo. A médica se debruçou nos dados do levantamento e pinçou alguns alertas. O primeiro: há muita gente convivendo com dores crônicas sem tratamento adequado. O segundo: adiar o acompanhamento médico e enganar a dor por meio de remédios, o que abre a porta para doenças mais graves, como o câncer.

"O brasileiro não é muito diferente das pessoas de outros países. O ponto é que agora temos dados que quantificam como ele gosta da automedicação", diz. Segundo o estudo, 64% da população não procura ajuda quando sente um desconforto reincidente. "Essas pessoas camuflam o problema. Eliminar sozinho a dor não é tratar da causa. Dor é um sinal de alerta. Muita gente esquece de que ela faz parte da vida."

COMO SOFREM
as brasileiras...

MULHERES PENAM MAIS

Nascemos chorando. Crescemos sofrendo. Acontece com todo mundo. Quem não sentiu uma pontada nas costas ou uma enxaqueca fortíssima, já reclamou de uma chateação no estômago ou da garganta arranhada. A delicadeza da questão é enxergar o quanto desse desconforto atrapalha a nossa rotina. Com os dados da pesquisa, é possível ver o estrago.

Acompanhe um raciocínio: 56% das mulheres já sentiram cólica menstrual. Dentro desse grupo, 70% dizem que sua dor é crônica, frequente. E, quando ela começa a incomodar, 39% dizem que o transtorno dura o dia inteiro. O resultado disso se traduz em uma porção de coisas.

No saldo, esse convívio com a dor é traduzido em distúrbios: 54% das brasileiras dizem que sua disposição e humor são afetados; 35% têm o sono atrapalhado; e 23% afirmam que o trabalho termina prejudicado.

"As mulheres fisiologicamente sofrem mais", afirma o neurologista Carlos Maurício de Castro Costa, presidente da SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor). "Nem sempre elas procuram ajuda de forma correta ou encontram médicos preparados para entender a diferença de sensibilidade em relação ao homem. Não bastasse isso, fatores como a dupla jornada em casa e no trabalho só aumenta o desgaste físico."

O estudo aponta outro problema grave: a dor crônica. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), ela afeta 30% da população do planeta. E golpeia a economia. Não há dados nacionais, mas um levantamento feito nos Estados Unidos mostrou que as empresas americanas têm um prejuízo anual de cerca de US$ 550 milhões devido aos dias de trabalho perdidos de seus funcionários.

"E não é só o trabalho. Conviver com dor causa estresse e depressão. Muda os hábitos alimentares", diz Lin Tchia Yeng. Nascemos chorando, crescemos chorando. Não há motivo para vivermos chorando. "E o remédio mais simples é aquela conversa de, ao surgirem os primeiros sintomas, consulte o médico de confiança."

COMO SOFREM
...e os brasileiros
Fontes: Pequeno Manual da Dor, dr. Carlos Maurício de Castro Costa - presidente da SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor) e neurologista e professor da Universidade Federal do Ceará - e dra. Lin Tchia Yeng, fisiatra coordenadora do Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

 

PEQUENO MANUAL DA DOR

É normal sentir dor?
Sim. Ela é um mal necessário e o caminho que o sistema nervoso encontra para chamar nossa atenção para um problema.

Quais são os tipos mais comuns?
A aguda e a crônica. A dor aguda é aquela com começo, meio e fim. Tem uma causa conhecida e segue um mecanismo. Quando damos uma topada num cano, cortamos o dedo, comemos algo estragado ou nos recuperamos de uma operação, sabemos que vai incomodar por algum tempo.

E a dor crônica?
É aquela que começa lentamente e não tem prazo para terminar. Qualquer dor que persista por mais de três meses é considerada crônica. Sua causa é controversa no meio científico. Estudos recentes tentam identificar o motivo genético de algumas pessoas terem mais dor do que outras.

Quando devo procurar o médico?
Escute o bom senso. Se você tem conhecimento da origem da dor e ela se mantém em um nível de intensidade controlável, siga os conselhos médicos prévios (você já sabe o que fazer durante uma febre, certo?). Dores desconhecidas, que persistam por mais de três dias, ou muito fortes requerem opinião profissional urgente.

Quais são as dores mais perigosas?
Na cabeça e no tórax. O abdome requer atenção por dificultar a localização da origem.

O que não fazer quando sentir dor?
Não aceite "diagnósticos" de parentes, amigos e vizinhos. Não utilize o farmacêutico como substituto ao médico. Não pratique automedicação.

Quais os riscos da automedicação?
O analgésico camufla o problema, mas não o resolve. Ele pode adiar o diagnóstico de uma doença grave. O uso sem controle de anti-inflamatórios e analgésicos tem efeitos colaterais que podem afetar o coração, o estômago e os rins.

Estamos sofrendo mais do que precisamos?
Sim. A condição precária de alguns hospitais, dificuldades de acesso a medicamentos, a formação inadequada de médicos e a falta de informação do doente são as principais causas.

Ilustrações Daniel das Neves

 


Autor: Edmundo Clairefont
Fonte: Revista Galileu

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