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12/06/2011

British Heart Foundation

Em pesquisa, cientistas fazem coração se recuperar sozinho após infarto

Há 25 anos, pesquisadores da organização não governamental científica British Heart Foundation (BHF) buscam elucidar uma desafiadora questão: como consertar um coração partido? A resposta está adormecida, dentro do próprio órgão, de acordo com um estudo publicado na edição de hoje da revista especializada Nature. Realizado em ratos de laboratório, o experimento conseguiu recuperar a musculatura cardíaca severamente danificada depois de um infarto do miocárdio, problema que afeta 900 mil brasileiros ao ano, principalmente homens.

“Estamos muito empolgados com essa pesquisa. Há tempos pensávamos como fazer algo para melhorar a condição das pessoas com doenças cardíacas e percebemos que o caminho está na medicina regenerativa”, disse o principal investigador, Paul Riley, em uma entrevista coletiva organizada e retransmitida pela Nature. “Então, corremos atrás de financiamento para, literalmente, ‘emendar’ corações partidos”, contou. A BHF é uma organização independente que sobrevive de doações para pesquisas.

O médico explica que, quando um coração saudável se contrai, cerca de 50% do sangue é bombeado, processo importante para garantir a oxigenação do organismo. Já em uma pessoa que sofreu um ataque cardíaco, o percentual cai para 20%, comprometendo o funcionamento do corpo inteiro e levando à falência do órgão. “Para essa pessoa, a única solução seria o transplante ou a morte”, afirmou. Segundo ele, é aí que entra a medicina regenerativa.

O problema é que — ao contrário da pele, capaz de se recuperar sozinha de alguma lesão — o coração não consegue se autorregenerar. “Nosso foco era descobrir um meio de forçar o órgão a fazer isso. Mais e mais pessoas sobrevivem a ataques cardíacos, mas elas ficam com um coração doente e têm de lidar com as consequências disso. Estamos falando de milhões de pessoas em todo o mundo, já que as doenças cardiovasculares são uma epidemia. Para essas pessoas, não temos um bom tratamento. Podemos ministrar um paliativo, como medicação, o que as fará se sentirem melhor e viverem um pouco mais. Mas elas são impedidas de fazer diversas coisas, como se exercitar. E vivem com o medo de que, a qualquer momento, possam sofrer morte súbita”, admitiu.

Ativação genética
A pesquisa da equipe de Riley é altamente promissora porque conseguiu acertar no alvo. O coração possui células-tronco progenitoras, que se formam ainda durante a gravidez. Entre outras funções, elas criam vasos sanguíneos e a musculatura cardíaca. Mas, embora presentes no órgão adulto, seus genes ficam desativados. O trabalho dos médicos foi encontrar uma substância capaz de acordá-los. Eles conseguiram isso com um hormônio chamado timosina b4, que, em ratos, é conhecido por induzir a revascularização celular.

No experimento, os ratos receberam injeções diárias da substância e foram induzidos posteriormente a um infarto do miocárdio (veja arte). No grupo de controle, não houve qualquer regeneração. Mas os que foram pré-tratados tiveram 25% de melhoria. Novos tecidos se formaram e se uniram às partes saudáveis do músculo cardíaco. “O motivo pelo qual nos interessamos particularmente nessas células progenitoras do coração é que, durante a gestação, elas contribuem para a vascularização e a formação do músculo cardíaco. Então, achamos que elas continuavam lá, embora ‘dormindo’. Quando reativamos os genes embrionários, descobrimos que as células acordaram. E o importante é que esses genes não só formam novos tecidos cardíacos, como se juntam aos músculos sadios”, comemorou Peter Weissberg, diretor da BHF, que também participou da coletiva.

De acordo com ele, ainda é cedo para dizer se a técnica será viável em humanos. “Tenho confiança de que isso não vai ocorrer amanhã nem no próximo ano, mas em pouco tempo”, disse. Por isso, também não se sabe ao certo como seria o tratamento. “Realmente, não temos muita ideia. Especulamos que indivíduos em risco de sofrer um ataque cardíaco poderiam tomar um remédio que induzisse a ativação dessas células”, afirmou. Outra possibilidade clínica seria a administração da substância logo após um infarto. “O ataque cardíaco demora entre uma e duas horas para se desenvolver. Por isso, podemos ter sucesso com o tratamento, já que, nesse meio tempo, seria possível prevenir os danos.”

Apesar das incertezas, Paul Riley classifica o resultado obtido como espetacular. “Cinco anos atrás, isso seria considerado ficção científica. Temos de procurar mais moléculas, mais genes, antes de transportar o resultado para humanos. Mas posso dizer que esse é só o começo da história”, garantiu.


Autor: Paloma Oliveto
Fonte: Correio Braziliense

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