
A tendência de consumo do café nos países produtores foi o assunto debatido por Carlos Brando, da P&A Marketing durante o 4º Fórum Desafios para a Nova Década 2011/2020, promovido pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Carlos destacou temas como o crescimento do consumo a nível mundial, as expctativas em torno da safra 2011 e principalmente, o novo perfil dos consumidores de café.
“O consumo mundial de café vem crescendo cada vez mais rápido, passando de 130,9 milhões de sacas em 2009 para 134 milhões em 2010. O consumo dos países produtores cresceu 1,3 milhões de sacas no último ano e já representam 30% do consumo mundial. Tudo indica que sua participação aumentará nos próximos anos.”
O evento que reuniu produtores, empresários e interessados pelo mundo do café e seus desafios aconteceu na manhã desta terça-feira (31). Otimistas com a safra 2011, palestrantes lembraram que o ano promete ser muito bom em qualidade, o que favorece o aumento do consumo comprovado em diversos países.
Brando mostrou a importância de programas institucionais para aumentar a procura da bebida. A Organização Internacional do Café (OIC) passou a promover ações para aumentar essa saída em alguns países exportadores, como Índia, Colômbia, Costa Rica e México. Para ele, um dos principais desafios no consumo da próxima década é conquistar o público interessado que surge com um novo perfil: jovens e a nova classe média. “Será que a indústria do café está preparada para atender esse público novo?”, provocou durante sua apresentação.
Ele deixou claro que o foco de empresários deve ser para um público que tem cada vez menos tempo, que procura praticidade, e, ao mesmo tempo, bebidas de qualidade e sofisticadas, dentro ou fora de casa.
Nova geração quer mais café
Na última semana, a pesquisa Tendências do Consumo do Café, divulgada pela Associação Brasileira da Indústria do Café com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, demonstra exatamente este cenário, especificamente, no Brasil. Segundo o levantamento, de 2003 a 2010, o percentual de pessoas que apreciam o café entre as bebidas habituais, apronta um crescimento de 85% para 91% entre jovens de 15 a 19 anos, de 83% para 90% na faixa dos 20 aos 26 anos, de 86% para 94% na faixa dos 27 aos 35 anos e acima dos 36 anos, de 96% para 98%.
Para ver de perto esta mudança de comportamento, basta dar uma volta pelas redes de cafeterias ou casas especializadas em cafés especiais nas grandes cidades para notar que o público jovem está presente, pedindo sua bebida quente ou gelada. Este consumo fora de casa, segundo a Abic, também cresceu. O crescimento do hábito de tomar cafés em padarias, por exemplo, cresceu, em oito anos, 307%.
O aumento no consumo valoriza a bebida, principalmente para os produtores, que devem pensar cada vez mais em qualidade e cafés especiais. Durante o Fórum, o engenheiro agrônomo e empresário José Carlos Grossi, há 40 anos na cafeicultura da Região do Cerrado, fez um panorama da produção dos anos anteriores sobre a oferta e a demanda e uma conclusão para as próximas décadas: “O investimento deve ser em microrregiões, pequenos produtores. Antes de pensar no tamanho da área (para o cultivo do café), o produtor deve pensar na qualidade do seu café e investir em certificações, como Rainforest Alliance e Specialty Coffee Association os America.”