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Brasileiros buscam cada vez mais cirurgias de redução de estômago
 
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09/08/2011

Brasileiros buscam cada vez mais cirurgias de redução de estômago

Números de procedimentos registrou um aumento de 275% nos últimos sete anos

Junto com o aumento da obesidade no Brasil, a realização de procedimentos de redução de estômago - as cirurgias bariátricas - tem registrado um crescimento exponencial no país, com um aumento de 275% nos últimos sete anos.

De acordo com a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), o número de procedimentos pulou de 16 mil, em 2003, para 60 mil, em 2010.

A cirurgia é indicada para pacientes com Índice de Massa Corpórea acima de 35 ou 40, quando há presença de outras doenças associadas à obesidade. O procedimento extirpa uma parte do estômago ou do intestino e ainda pode recorrer a intervenções no aparelho digestivo (no Brasil, são aprovadas quatro modalidades cirúrgicas).

De acordo com o presidente da SBCBMO, Ricardo Cohen, o número de obesos e as informação sobre a cirurgia aumentaram. 

- O número de obesos aumentou, a informação sobre a cirurgia aumentou e tivemos um grande avanço, que foram as operações por laparoscopia. Elas tornaram o processo mais confortável, com menos dor e uma volta mais rápida ao trabalho.

Segundo o cirurgião, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos no ranking mundial - os americanos estão de longe na frente, com cerca de 300 mil cirurgias do tipo realizadas em 2010.

Cohen diz ainda que, enquanto a crise econômica levou a uma queda no número de cirurgias nos Estados Unidos no ano passado, a tendência no Brasil é de crescimento, acompanhando a demanda.

Fracasso

Apesar do aumento da procura, o salto no número de cirurgias também é visto com ressalvas.

Para o endocrinologista Gerson Noronha Filho, professor da Uerj, a situação reflete um 'grande fracasso' no tratamento de obesos, que só deveriam ser encaminhados para cirurgia em casos extremos.

- É um procedimento radical, que corta uma área brutal do estômago. Essas soluções finais, únicas, desumanizam o indivíduo. As soluções não devem ser únicas, devem ser múltiplas, pensadas diante do quadro que o indivíduo apresenta.

Noronha atende obesos mórbidos no centro de pesquisas clínicas da Uerj e ressalta a importância de conhecer a história por trás de cada caso.

- A grande razão do fracasso (no tratamento) é que o obeso nunca está sozinho. Há sempre alguém que alimenta esse gordo, sempre um par magro. A medicina precisa trazer essa dupla para o tratamento, mas tem dificuldades em fazer isso porque envolve um tratamento multidisciplinar.

De acordo com a SBCBM, o tratamento clínico tem eficácia em 10% dos casos, enquanto a intervenção cirúrgica soluciona 85% deles. As estatísticas ajudam a explicar o interesse em torno do procedimento, inclusive em blogs, fóruns de discussão e redes sociais.

No Orkut, por exemplo, a comunidade 'Cirurgia Bariátrica - Eu fiz!' tem mais de 7 mil membros. Já a 'Cirurgia Bariátrica - Vou fazer!' tem pouco mais de 2 mil.

O procedimento é caro. De acordo com a SBCBM, o custo varia de R$ 10 mil a R$ 15 mil (a cirurgia aberta) e pode chegar à faixa de R$ 15 mil a R$ 25 mil (videolaparoscopia).

Com internação e as cirurgias plásticas que precisam ser feitas posteriormente para reduzir a pele flácida, Noronha estima que o valor fique entre R$ 30 mil e R$ 50 mil.

Fila longa

Como a obesidade no Brasil também aumenta entre as classes mais desfavorecidas, o resultado é uma longa fila no SUS (Sistema Único de Saúde).

Moradora da Rocinha, Luiza Souza, de 34 anos, se inscreveu em 2005 no Hospital de Ipanema, da rede federal, esperando que fosse atendida em dois, talvez três anos. Em janeiro, na última vez que checou, ouviu do enfermeiro que deveria contar com mais seis a oito anos de espera.

Assim como Luiza, cerca de 5 mil pessoas esperam na fila do Hospital de Ipanema. De acordo com o Núcleo Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, a unidade tem estrutura para uma cirurgia por semana. No ano passado, 37 foram realizadas.

Aline Rodrigues de Souza, de 31 anos, diz que muitas pessoas morrem na fila, desistem, ou procuram outro jeito de operar. 

Em fevereiro deste ano, ela conseguiu realizar a cirurgia, sonho que acalentava desde 1999. Depois de se casar, uma melhora de renda permitiu que pagasse um plano de saúde, e só assim conseguiu concretizar seus planos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a cirurgia bariátrica começou a ser feita na rede pública em 2003. De lá para cá, o número de cirurgias realizadas pelo SUS aumentou 150%. Ainda assim, elas representam pouco mais de 7% do total brasileiro.

Em 2010, o ministério investiu R$ 24,5 milhões para a realização do procedimento pelo SUS, com um total de 4.437 cirurgias.

Autoestima

Aline se diz realizada. Dos 175 quilos que tinha na época da cirurgia, perdeu 37 nos últimos cinco meses. Matriculou-se em um curso de maquiagem e está saindo mais de casa.

Já Luiza afirma que está desiludida. Por causa do peso, parou de exercer a profissão faz tempo: era professora do ensino fundamental. Ela diz que, no início do ano, foi demitida do mercado onde trabalhava como caixa após faltar um dia por uma crise de hipertensão.

Enquanto não recebe a tão esperada convocação do hospital, Luiza tenta conciliar o sonho de concluir a faculdade de Letras que deixou pela metade e os planos para o futuro com os obstáculos criados pelo excesso de peso.

- Quero arrumar um trabalho, parar de tomar remédio de pressão, fazer bastante exercício, parar de fumar... E subir um pouco a autoestima, né? Porque quase não tenho.


Autor: Redação
Fonte: BBC Brasil

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