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No Brasil, doador de sêmen só pode gerar 2 filhos por 1 milhão de pessoas
 
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15/09/2011

No Brasil, doador de sêmen só pode gerar 2 filhos por 1 milhão de pessoas

Limite é para evitar que pessoas tenham relações sem saber de parentesco. Nos EUA, nascidos com esperma de mesmo doador procuram irmãos

Norte-americanos que nasceram com esperma de doadores anônimos estão procurando meio-irmãos na internet, e a iniciativa mostra um lado preocupante da inseminação artificial. Foram registrados casos em que mais de 100 pessoas foram geradas com esperma do mesmo doador.

Especialistas procurados pelo G1 não acreditam que um caso como esse possa acontecer no Brasil. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que os médicos devem evitar "que um doador venha a produzir mais do que uma gestação de criança de sexo diferente numa área de um milhão de habitantes".

  Brasil EUA
Limite
Duas gestações por 1 milhão de habitantes 25 gestações por 800 mil habitantes (31,25 por 1 milhão)
Remuneração do doador Proibida Permitida em alguns estados

Enquanto isso, as entidades médicas dos EUA sugerem que o limite seja de 25 nascimentos de um mesmo doador para uma população de 800 mil pessoas -- o que equivale a 31,25 nascimentos para um milhão de habitantes.

O objetivo da limitação é evitar que pessoas tenham relações amorosas sem saber que são parentes. “O parâmetro foi feito de uma forma conservadora, sem muito estudo, mas tentando evitar o risco”, analisou Vera Fehér, diretora do banco de esperma ProSeed.

Adelino Amaral, membro do CFM, concorda. "Não houve estudo, é uma questão de probabilidades", disse. "É uma estimativa para diminuir as chances".

Sem lei
No entanto, não há uma lei e não existe fiscalização para garantir que os números serão respeitados. “É muito difícil controlar, até porque a doação é anônima”, reconheceu o médico, que é também presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). “A gente age dentro dos princípios éticos”, completou.

Teoricamente, como a resolução fala em dois filhos para cada milhão de habitantes, um mesmo doador poderia ter até 380 filhos se considerada a população do Brasil. Mas Amaral disse que, na prática, os bancos de esperma usam um rigor maior que o recomendado. "Isso não está estipulado, mas normalmente os bancos descartam o sêmen depois de duas gestações [no país inteiro]", afirmou.

"Para se ter uma ideia, uma cliente minha quis ter um segundo filho com o mesmo doador, para que os dois fossem irmãos de pai e mãe, mas o esperma já não estava disponível", exemplificou.

Existe também o cuidado de distribuir o esperma por pontos diferentes do Brasil. Por exemplo: um banco de esperma fica em São Paulo e recebe uma demanda de uma clínica em Fortaleza. O sêmen é enviado e, caso a paciente engravide, o banco é avisado imediatamente. A partir daí, ele evita fornecer mais esperma desse mesmo doador para a região Nordeste.

Amaral falou ainda que a demanda pelo esperma já não é mais tão grande quanto no passado. “Houve uma evolução muito grande a partir de 1992 e os problemas de infertilidade masculina estão praticamente resolvidos”, afirmou.

Segundo ele, os homens quase sempre preferem se submeter a algum tratamento e usar o próprio espermatozoide na inseminação artificial. Por isso, o uso do sêmen dos doadores fica praticamente restrito às mães que desejam ter uma “produção independente” e aos casais de mulheres homossexuais.

Além disso, os doadores brasileiros cedem uma quantidade de esperma menor do que os norte-americanos. “A doação nos Estados Unidos pode ser, em alguns lugares, remunerada. Lá a pessoa tem interesse em ceder sêmen por isso. Aqui no Brasil, o processo é voluntário”, explicou Maria Cecília Cardoso, chefe do laboratório de reprodução assistida do Vida, centro de fertilidade da Rede D'Or.

A ameaça não é só pelos meio-irmãos, mas também por outros níveis de parentescos"
Mara Helena Hutz, geneticista

Por que tanto cuidado?
Se dois parentes tiverem uma relação amorosa, ocorre o chamado casamento consanguíneo. A geneticista Mara Helena Hutz, integrante da Sociedade Brasileira de Genética (SBG), explicou que o risco de que doenças genéticas se manifestem nos filhos desse casal aumenta.

“O gene recessivo é aquele que precisa de duas cópias para aparecer externamente”, esclareceu. Irmãos tendem a ter carga genética parecida, já que ela é herdada dos pais. Se os dois tiverem o mesmo recessivo, ele se manifestará nos filhos.

“Todos temos genes recessivos que causam doenças, mas que raramente se manifestam”, afirmou Hutz. “E a ameaça não é só pelos meio-irmãos, mas também por outros níveis de parentescos”, completou.


Autor: Tadeu Meniconi
Fonte: G1

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