O excesso de gordura, que leva as pessoas a desenvolverem doenças cardíacas, pode ajudá-las a lutar contra os piores efeitos da condição, sugere estudo.
É o "paradoxo obesidade", disse o Dr. Carl J. Lavie, diretor médico do Ochsner Medical Center, Centro de Prevenção e Reabilitação Cardíaca, em Nova Orleans, e autor do artigo que aparece na edição de maio do “Journal of American College of Cardiology”.
"A obesidade é um problema importante, que contribui significativamente para o aumento do risco de doença cardíaca e de mortalidade", disse Lavie. “Os pacientes obesos têm maior facilidade de lidar com o problemas frequentes, como pressão alta e diabetes. O paradoxo de obesidade foi descrito durante anos pela comunidade médica, mas ele ainda não está claro".
Essa pesquisa avaliou dados de 40 estudos, abrangendo um total de 250 mil pessoas com doenças cardíacas. Para Lavie, alguns médicos têm interpretado equivocadamente as provas, entendendo que pessoas obesas e cardíacas não devam ser encorajadas a perder peso.
"A obesidade é um fator de risco para muitas doenças, tais como diabetes e hipertensão, contudo, os pacientes com doença cardíaca que apresentaram melhor recuperação foram os obesos que perderam peso após receber o diagnóstico".
Lavie afirma que existem várias explicações possíveis para o paradoxo. Um deles é que as pessoas obesas buscam ajuda profissional mais cedo, pois desenvolvem sintomas como a fadiga e problemas respiratórios. As doenças cardíacas oferecem melhores prognósticos se identificadas precocemente.
"As pessoas que têm mais peso podem ter maior capacidade de luta contra doenças cardíacas, em decorrência do metabolismo de reserva. No caso do câncer de mama, por exemplo, a obesidade pode ajudar a causá-lo, mas uma mulher de 90kg pode ser capaz de lutar melhor contra o câncer da mama do que uma mulher de 45 kg, em decorrência da quantidade de reserva metabólica".
A obesidade leva ao desenvolvimento de doenças cardíacas, e isto é uma parte significativa do paradoxo, afirma Lavie. "Em primeiro lugar, essas pessoas não teriam desenvolvido problemas no coração se não fossem obesas. Uma pessoa magra, que está desenvolvendo problemas cardíacos por um motivo diferente, está, na verdade, com a pior forma da doença, pois tem problemas cardíacos apesar de ser magro”.
Lavie não quer as pessoas entendam mal o seu relatório. "A obesidade nos Estados Unidos é um grande problema", ele disse. "Está crescendo em assustadoras proporções, e é um dos principais fatores envolvidos na onda de epidemias de doença cardíaca. Nós não queremos que as pessoas entendam que é saudável ser obeso. Citamos apenas o paradoxo".
Tradução: Equipe SIS.Saúde
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