Mesmo com a crise econômico-financeira deflagrada, a indústria médico-hospitalar e odontológica registrou faturamento de US$ 4 bilhões em 2008; um crescimento de quase 5% em relação a 2007. A manutenção dos negócios evitou demissões na cadeia, que gera mais de 31 mil postos de trabalho. O segmento privado doméstico foi o principal destino dos produtos, correspondendo por 73% das vendas. O segmento público totalizou 19,2% das vendas.
Os dados são resultado do "Estudo Setorial da Indústria de Equipamentos Odonto-Médico-Hospitalar e Laboratorial no Brasil", encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO). Segundo a pesquisa, realizada pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), o número de empresas atuando no setor também expandiu em quase 11% nos últimos cinco anos. No total, 90% das empresas operam com capital nacional e 87% possuem fábricas instaladas no país.
O presidente da ABIMO, Franco Pallamolla, acredita que o bom desempenho também está associado aos investimentos em pesquisa & desenvolvimento, que somam mais de 5% do faturamento. "A inovação é algo inerente à sociedade moderna e, dentro deste contexto, a saúde é a área que mais rapidamente incorpora as inovações tecnológicas. Por isso, investir em pesquisa é crucial em um mercado de competição global", explica.
Poder de compra do Estado
Apesar do desenvolvimento da indústria nacional, o estudo revela uma tímida utilização do uso do poder de compra do Estado. No ano passado, os órgãos públicos consumiram apenas 19,2% dos produtos brasileiros para atender a 75% da população do país (fatia que recorre ao SUS). Os fabricantes apontam a legislação vigente como o principal gargalo por facilitar a compra de importados e desfavorecer a aquisição de equipamentos nacionais. "A lista de isenção de impostos para produtos fabricados no exterior é desproporcional quando comparada aos parcos incentivos fiscais concedidos aos empresários brasileiros que investem no desenvolvimento de produtos com valor agregado no país", diz Pallamolla.
Sem a dependência externa, o país minimizaria a instabilidade na alocação de recursos para aquisição dos produtos. "Não queremos o retorno do protecionismo, ou seja, o estabelecimento de barreiras alfandegárias ou a simples proibição de importações. A história mostra que a falta de estímulo para buscar a inovação só retardou a modernização da cadeia. O desafio reside em encontrar uma fórmula para estimular as economias nacionais sem passar por cima das regras comerciais", fala o presidente da ABIMO.
As exportações representaram 7% do faturamento do setor. Os Estados Unidos são os maiores compradores de equipamentos e materiais de consumo utilizados nos segmentos de odontologia, médico-hospitalar e laboratorial brasileiros. Na sequência, os países da América do Sul figuram como principal mercado importador.
Meta para 2009
Diferente de outros setores, a indústria tem expectativas positivas para 2009 e estima um crescimento médio de 8%. Os segmentos de radiologia e implantes acreditam superar a marca, atingindo índices de 13% a 8,5% respectivamente.