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Pesquisadora da FMUSP utiliza novo exame para diagnosticar crianças com dificuldade de fala
 
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19/03/2012

Pesquisadora da FMUSP utiliza novo exame para diagnosticar crianças com dificuldade de fala

O método foi desenvolvido nos Estados Unidos há cerca de dez anos e acaba de ser validado no Brasil

Um novo exame permite que crianças com problemas na percepção e processamento de informações auditivas possam ser precocemente diagnosticadas, mesmo quando não possuem recurso de fala ou o apresentem de maneira prejudicada. O método foi desenvolvido nos Estados Unidos há cerca de dez anos e acaba de ser validado no Brasil pela pesquisadora Caroline Nunes Rocha Muniz, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Foi importante conseguir trazer este equipamento para o Brasil e testá-lo em crianças brasileiras. Ele se mostrou ser um exame eficiente e sensível, que pode ser aplicado em qualquer parte do mundo, pois são ondas elétricas cerebrais em resposta a estímulos”, diz Caroline.

O equipamento para realizar o exame foi importado com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e se encontra no laboratório de investigação fonoaudiológica em processamento auditivo da FMUSP.

O estudo Processamento de sinais acústicos de diferentes complexidades em crianças com alteração de percepção da audição ou da linguagem foi realizado no Centro de Docência e Pesquisa em Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP, no Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Processamento Auditivo. A tese foi defendida em 2011 e orientada pela professora Eliane Schochat.

Exame:

Para validar o exame, Caroline selecionou 75 crianças, com idades entre 6 e 12 anos. Elas foram divididas igualmente em grupos de “crianças normais”, que não apresentam nenhuma dificuldade de fala;  “crianças com Distúrbio Específico de Linguagem”, que apresentam alterações no desenvolvimento de linguagem, sem possuir nenhuma causa ou razão aparente; e “crianças com Transtorno de Processamento Auditivo”, que possuem audição normal, mas apresentam dificuldades em perceber e processar sons, em compreender a fala na presença de ruídos, têm dificuldade em concentrar-se em uma informação e podem apresentar problemas escolares, como na escrita e na leitura, por exemplo.

Todas foram submetidas aos mesmos testes, que consistiam na exposição a ruídos e a diferentes estímulos, como cliques e o som de fala (sílaba /da/). Essa exposição acontecia por meio de fones de ouvidos e a captação da resposta era feita pelos eletrodos, colocados em pontos específicos da cabeça dos pacientes.

No primeiro teste, chamado supressão das emissões otoacústicas, as crianças ouviam um estímulo em uma orelha e um ruído na outra. O cérebro libera uma série de ondas em resposta a esses sinais e, dependendo da forma que o cérebro processa esses sons, é possível monitorar o padrão das respostas. “O cérebro é bastante fiel àquilo que ouve. Ele reproduz perfeitamente aquilo que conseguiu ouvir através de ondas. Dessa forma, eu podia comparar o quadro de ondas de sons emitidos para a criança e a resposta que o cérebro delas deu àquilo. Por isso, pudemos ter a noção de como os sons de fala estavam sendo codificados pelas crianças”, explica Caroline.

Quando se tratava de crianças normais, os dois quadros de ondas eram extremamente similares, as ondas do som e as ondas de resposta do cérebro. Já quando havia alguma alteração na audição, certos pontos divergiam entre os quadros de ondas. “Os dois grupos que apresentavam alguma deficiência mostraram problemas da decodificação dos sons. Os picos de ondas não se pareciam com o pico de ondas das crianças com desenvolvimento normal, por exemplo”.

Diagnóstico
 
Ao contrário da metodologia tradicional, esse exame permite que crianças com extrema dificuldade de fala fala, linguagem e percepção auditiva sejam mais precocemente diagnosticadas. O processo usual consistia na percepção que os pacientes diziam ter do que tinham ouvido, era uma observação comportamental deles durante a realização dos testes. “Agora nós podemos fazer um estudo eletrofisiológico, por meio das respostas elétricas que o cérebro do paciente emitiu. Nesse caso, não precisamos da resposta comportamental do paciente, por isso o exame pode ser realizado em pacientes com dificuldades ou não de se comunicar”.

O novo equipamento permite colocar as crianças em grupos mais específicos. “Alguns desvios de fala não necessariamente tem a ver com problemas auditivos. Há uma série fatores que podem influenciar essas alterações e é importante saber onde eles se encontram, da maneira mais específica possível”, explica Caroline.

O exame poder ser feito em qualquer parte do mundo, por não variar de acordo com a língua da população. Além disso, ele também pode ser aplicado antes mesmo do paciente aprender a falar. “Futuramente, podemos realizar os testes em bebês, apenas monitorando os sinais de codificação neural que eles emitem. Assim, um trabalho fonoaudiológico já poderia começar a ser desenvolvido, de modo a impedir a evolução da deficiência”.

Mais informações: email carolrocha@usp.br, com Caroline Nunes Rocha Muniz.


Autor: Paloma Rodrigues
Fonte: USP

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