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Especialista explica resultados inéditos do tratamento imunológico para o câncer
 
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04/06/2012

Especialista explica resultados inéditos do tratamento imunológico para o câncer

Para compreender a ação dessas substâncias e a importância dessas pesquisas para o tratamento do câncer leia a matéria

Duas pesquisas, com resultados inéditos para o tratamento do câncer devido à ação de substâncias que agem no sistema imunológico, foram publicadas, no último sábado (02), na revista médica New England Journal of Medicine. Além disso, os resultados dessas pesquisas estão sendo debatidos no Congresso da American Society of Clinical Oncology(ASCO), que está ocorrendo nesta semana em evento que reúne mais de 40 mil especialistas em Chicago, EUA, um dos mais importantes na área.

Para compreender a ação dessas substâncias e a importância dessas pesquisas para o tratamento do câncer, Dr. Stephen Stefani, oncologista e pesquisador do Instituto do Câncer Mãe de Deus, responde a algumas questões.

Como atuam essas substâncias pesquisadas no organismo?

Dr. Stephen: As substâncias, ainda sem nome comercial, atuam no lgG4 (immunoglobulin G4), um anticorpo monoclonal produzido pelas células T, que apresentam diversos papéis na proteção do organismo contra “células estranhas”.

Durante o desenvolvimento do câncer, há inúmeros mecanismos que fazem com que o sistema imunológico sofra prejuízos e não consiga combater os tumores adequadamente. O foco desses estudos foi buscar melhorar a ação do sistema imunológico envolvido mais especificamente no combate aos tumores cancerígenos.

Um dos estudos avaliou um receptor do anticorpo lgG4, denominado de Programmed death 1 (PD-1), em português quer dizer morte programada; e o outro estudo avaliou o um de seus ligantes, ou seja, o PD-L1. Estudos anteriores verificaram que ambos possuem o papel de inibir a resposta imunológica das células T.

Assim, as substâncias estudadas bloquearam o PD-1 ou o PD-L1, o que propiciou que as células T fossem ativadas para agir especificamente contra o tumor.

Que resultados esses estudos encontraram?

Dr. Stephen: Os estudos incluíram pacientes com vários tipos de câncer avançado (melanoma, câncer de pulmão, próstata, rim e cólon) que receberam medicamentos a cada duas semanas e foram avaliados enquanto havia controle do câncer. Com essas terapias, 1 a cada 4 ou 5 pacientes com câncer avançado revelaram resposta ao tratamento e o efeito durou mais de um ano nesses pacientes.

No estudo que avaliou o bloqueio do PD-1, as maiores respostas ao tratamento foram descritas em pacientes com câncer de pulmão - os que obtiveram, até agora, menos respostas a tratamentos imunológicos. Já a pesquisa que verificou a inibição do PD-L1 encontrou melhores respostas em pacientes com câncer do tipo melanoma, mas os pacientes com câncer de pulmão também foram beneficiados.

Assim, podemos dizer que os pacientes com câncer de pulmão avançado, um dos mais letais, poderão ser os maiores beneficiados, mas não apenas esses.

É adequado dizer que essas substâncias não “matam” o câncer, mas aumentam o sistema imunológico?

Dr. Stephen: Na verdade, não se trata da cura do câncer em estado avançado, mas de melhorar a sobrevida desses pacientes na medida em que os tumores possam regredir em tamanho ou mesmo se estabilizar por um período.

De certa maneira, se houve regressão dos tumores para alguns pacientes, é possível dizer que houve a morte de parte das células cancerosas por aumentar a ação do sistema imunológico, deficiente na presença desses tumores.

Por que essas pesquisas podem ser consideradas inéditas?

Dr. Stephen: Até agora, outras substâncias imunológicas estudadas obtiveram respostas menos eficazes para o tratamento do câncer. Pois, os tumores cancerígenos desenvolvem diversos mecanismos de resistência e apresentam vários meios distintos para evitar a destruição a partir do sistema imunológico. Outro fator importante é o perfil tóxico descrito em estudos prévios. A ativação de sistema imunológico é classicamente carregada de efeito colaterais.

Essas pesquisas são inéditas porque conseguiram atuar em mecanismos imunológicos específicos do organismo, alcançando as maiores respostas já encontradas em estudos em relação à progressão e estabilização dos tumores cancerígenos. Os dados dessas pesquisas sugerem que tais tratamentos não ofereçam uma atividade imunológica aleatória e inespecífica, mas tenham alguma relação com os tipos de células que dão origem ao câncer.

O que há para se considerar sobre os efeitos colaterais dessas substâncias?

Dr. Stephen: Essas novas substâncias estudadas, além de terem alcançado resultados mais promissores, ofereceram menos efeitos colaterais aos pacientes que outras drogas imunológicas pesquisadas anteriormente. Portanto, houve menos efeitos colaterais e maior atividade antitumoral.

Esses estudos estão em que fase?

Dr. Stephen: Ambos os estudos ainda estão na fase 1, ou seja, foram testado pela primeira vez em humanos e tinham como objetivo identificar melhor dose e descrever taxas de respostas. Tanto a fase 2 e 3 das pesquisas ampliam as amostras em humanos e são consideradas fundamentais antes do lançamento de uma nova medicação no mercado.

Os pesquisadores divulgaram que a fase 2 (com mais pacientes e com um grupo mais homogêneo de pacientes) está em andamento; e a fase 3 (que compara dados com tratamentos já convencionais) está sendo planejada para o tratamento do câncer de pulmão, renal e melanoma.Assim, o próximo desafio é identificar em que cenários clínicos, com qual combinação de tratamentos e em que momento essas novas drogas poderão ser usadas na prática clínica.

O que podemos esperar futuramente em relação a essas drogas?

Dr. Stephen: A notícia de avanços no tratamento de câncer é sempre festejada. Algumas etapas de investigação ainda são necessárias para definir quando e como teremos medicamentos com esses mecanismos para aplicação assistencial. Cautela e rigor científico na análise de dados são fundamentais para avanços da ciência.

Tão importante quão a disponibilidade de novos remédios, é a identificação de mecanismos efetivos, o que mostra um caminho com muitas opções e possibilidades. Assim, as evidências são promissoras e, após as outras etapas de pesquisa, essas medicações poderão ser lançadas no mercado.

Fonte dos estudos:

Brahmer, J. R. et al. Safety and Activity of Anti–PD-L1 Antibody in Patients with Advanced Cancer. N Engl J Med, 2012 Jun 2. Disponível em: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1200694#t=article

Topalian S. L. Safety, Activity, and Immune Correlates of Anti–PD-1 Antibody in Cancer. N Engl J Med, 2012 Jun 2.Disponível em:http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1200690?query=OF#t=article

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O Instituto do Câncer Mãe de Deus foi criado em 2004, com a intenção de expandir a cultura e a tradição oncológica para outras áreas fundamentais como a radioterapia, a cirurgia oncológica, a hematologia, o banco de sangue, a psicologia, a enfermagem, a farmácia, a nutrição, a fisioterapia e todas as outras áreas que fazem parte da complexa estrutura necessária para oferecer um atendimento de ponta e abranger todas as necessidades do paciente e de sua família.


Autor: Comunicação Mãe de Deus
Fonte: Comunicação Mãe de Deus

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