O drama provocado por emergências pediátricas superlotadas traz um componente a mais de preocupação. Sem a opção de realizar um atendimento considerado no nível ideal, o mais comum para indicação nas infecções respiratórias em bebês e crianças, comuns nessa época do ano, acaba sendo o antibiótico.
- A grande maioria dos casos é de origem viral e sequer teriam indicação de antibiótico. Porém, muitas vezes o colega fica com um certo receio de se omitir numa prescrição e diante dessa insegurança e de uma condição de uma emergência superlotada acaba prescrevendo o antibiótico que pode ser desnecessário - explica o diretor científico da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Ilson Enk.
A postura não é criticada pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, mas o tema traz a preocupação com um uso excessivo desse tipo de medicação.
- Essa prática no longo prazo faz com que seja criada uma resistência progressiva ao uso de antibióticos. O que vemos é que a produção de novos medicamentos anda a passos de tartaruga e a evolução das bactérias anda no ritmo de avião à jato. Então é uma luta que estamos perdendo e que limita a atuação do pediatra em defesa de seus pacientes com infecções bacterianas - completa o médico Ilson Enk.
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.