Cientistas da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, descobriram que um antibiótico natural secretado por uma bactéria que vive no solo pode combater a bactéria da tuberculose.
A pesquisa revela como o pyridomycin, produzido pela bactéria Dactylosporangium fulvum, é eficaz contra muitos dos tipos resistentes da doença que já não respondem ao tratamento com o medicamento convencional.
"A natureza e a evolução dotaram algumas bactérias com mecanismos de defesa potentes para protegê-los contra outros patógenos que compartilham de seu habitat. Produtos gerados por esses organismos são, portanto, uma forma poderosa para encontrar possíveis novas drogas para combater doenças infecciosas", afirma o autor da pesquisa Stewart Cole.
Utilizando essa abordagem, os pesquisadores mostraram que o antibiótico natural pyridomycin é um assassino muito seletivo de Mycobacterium tuberculosis, a bactéria responsável pela tuberculose em humanos.
Tuberculose causa até dois milhões de mortes por ano. Há uma grande necessidade de novas drogas, pois a eficácia dos antibióticos atuais é comprometida pelo aumento da resistência a medicamentos. As drogas mais eficazes usadas no tratamento convencional, por exemplo, isoniazida e rifampicina, muitas vezes não são eficazes.
Agora, os investigadores identificaram uma proteína, a enzima InhA, que é o alvo principal para o antibiótico. "Ao seleccionar e isolar mutantes de M. tuberculosis resistentes a pyridomycin e sequenciar o genoma verificamos que um único gene chamado inhA é responsável pela resistência ao produto natural", afirma Cole.
O gene inhA é necessário para produzir a proteína InhA, que já é um alvo conhecido da droga isoniazida. Acontece que pyridomycin pode ligar-se à mesma enzima InhA como a isoniazida, mas em um local diferente e de uma forma que envolve uma sequência diferente de eventos moleculares. São essas diferenças que dão pyridomycin a capacidade de combater estirpes resistentes de Mycobacteriums.
Os cientistas demonstraram que no tratamento com bactérias vivas, pyridomycin conduz à depleção de componentes essenciais da parede celular bacteriana.
"Nossa descoberta de que pyridomycin mata Mycobacterium tuberculosis por meio da inibição de InhA, mesmo em bactérias clinicamente isoladas que são resistentes à outras drogas, oferece uma grande oportunidade para desenvolver novos medicamentos para o tratamento da tuberculose resistente a drogas", conclui Cole.