.
 
 
Raio-X do combate às drogas
 
Notícias
 
     
   

Tamanho da fonte:


26/09/2012

Raio-X do combate às drogas

O uso de substâncias psicoativas é um problema crescente. O Relatório Mundial sobre Drogas, apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Controle de Drogas e Crime, em 2011, mostrou que entre 149 e 272 milhões de pessoas no mundo consumiram algum tipo de substância ilícita ao menos uma vez durante o ano de 2008

O uso de substâncias psicoativas é um problema crescente. O Relatório Mundial sobre Drogas, apresentado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Controle de Drogas e Crime, em 2011, mostrou que entre 149 e 272 milhões de pessoas no mundo consumiram algum tipo de substância ilícita ao menos uma vez durante o ano de 2008. O segundo levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, de 2005, envolveu 108 das maiores cidades do País e mostrou que, na época, 22,8% da população geral admitiu ter usado, em algum momento da vida, drogas psicoativas. Na região Sul, foram 14,8% nas 878 entrevistas realizadas.
 
Para verificar as alternativas no combate ao abuso e dependência de substâncias psicoativas, a Faculdade de Serviço Social coordena o projeto Políticas e práticas de enfrentamento à drogadição no RS, por meio da professora Leonia Capaverde Bulla. A pesquisa faz um mapeamento das políticas e práticas de prevenção, tratamento e redução de danos. Com base na lista de instituições cadastradas no Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas, no período de 2010-2011, foi realizado levantamento e atualização de dados, resultando em 625 instituições entre hospitais, grupos de autoajuda, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), fazendas terapêuticas e clínicas particulares. A maioria (271) concentrada em Porto Alegre e Região Metropolitana, somando 43,36% do total. Já a Fronteira Oeste e Região da Campanha contam com apenas 26 instituições.

A divisão em nove regiões funcionais seguiu o Atlas Socioeconômico do RS: Região Metropolitana, Região dos Vales, Região da Serra, Litoral, Região Sul, Fronteira Oeste e Região da Campanha, Região Noroeste e Fronteira Noroeste, Região Central e Região Norte. O estudo mostra 72 Caps, 494 grupos de autoajuda e comunidades terapêuticas em todas as regiões do Estado. Outros serviços são ofertados apenas em quatro regiões. "Isso mostra uma cobertura desigual no âmbito estadual e a precariedade desses serviços no Litoral", explica Monique Damascena, mestranda em Serviço Social que atua na pesquisa.

As informações serão apresentadas em um banco de dados para consulta da população, que deve ser divulgado em 2013, contribuindo para o mapeamento, identificação e articulação dos serviços da Secretaria Estadual de Saúde. "Nosso objetivo é cooperar para que políticas públicas apoiem as instituições com recursos necessários", afirma Leonia. "Pretendemos fazer a atualização do universo de instituições para 2013", complementa Monique.

Atualmente a pesquisa está na fase de entrevistas com usuários, familiares, gestores e trabalhadores de instituições. Serão visitadas 150 instituições do RS, e estima-se entrevistar 300 usuários, 150 familiares, 150 gestores e 150 trabalhadores. Entre junho e julho, foram cinco comunidades terapêuticas, quatro Caps, dois Caps Álcool e Drogas, um conselho municipal, dois hospitais, uma clínica, três grupos e duas associações de atenção à drogadição. Até o momento, as drogas identificadas como as que mais levaram dependentes ao tratamento foram crack e cocaína, seguidas da maconha e do álcool.

As entrevistas mostraram, ainda, que, na maioria dos casos, há outros membros usuários de drogas nas famílias dos dependentes em tratamento. Muitos profissionais apontaram a participação da família como fundamental para dar suporte ao usuário, pois também diz respeito ao resgate de vínculos para que ele possa ter uma rede de apoio e aderir ao tratamento. No entanto, foi relatada dificuldade de aceitação da dependência por parte dos familiares, o que causa baixa participação.

Outro dado encontrado nas entrevistas é a dificuldade dos familiares em compreender que a internação é apenas parte do tratamento e não a única ação necessária para a dependência química, apesar de haver necessidade de ampliação do número de leitos para desintoxicação. Profissionais também destacaram a falta de mais técnicos e de recursos, como condições físicas e materiais inadequados. "Muitos relataram que a estrutura de salas e equipamentos é parcialmente adequada à realização dos trabalhos nas instituições. Sobre segu rança e salubridade, trabalhadores indicaram que, na maioria dos serviços, não há condições apropriadas para contenção de pacientes quando necessário", acrescenta Monique.

Para superar essas e outras dificuldades, são realizadas reuniões semanais de equipe e trabalho multidisciplinar, além de qualificação e diálogo com familiares. Entre as sugestões apresentadas, estão o aumento do número de grupos de atendimento e a oferta de atividades lúdicas e de oficinas para manter o paciente ocupado. Outra proposta é a mudança no horário de atendimentos dos Caps, já que poucos pacientes procuram os centros no turno da manhã, podendo assim estender seu funcionamento até mais tarde.

Foi também indicado agregar a todas as equipes técnicas, educadores físicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, médicos clínicos, musicoterapeutas e psicólogos capacitados para a atenção à drogadição. "Alguns desses profissionais integram a rede de serviços mapeada, entretanto não estão presentes em todas as instituições", esclarece Monique.

As entrevistas são realizadas por profissionais, mestrandos e doutorandos de Serviço Social e da Faculdade de Psicologia, por meio de formulários semiestruturados, acompanhados por alunos de iniciação científica, que produzem um diário de campo como instrumento de observação. "É realizada capacitação dos entrevistadores com palestras sobre abordagem, reuniões para esclarecimento dos instrumentos destinados a cada público e discussões em grupo", destaca Leonia. Em setembro devem começar as entrevistas no interior do RS e seguem em 2013. "Vamos ouvir as pessoas, saber das dificuldades de cada serviço, da falta de verbas, de vagas para internação, da articulação entre as políticas", complementa.

A pesquisa é resultado de um convite da Federação Internacional das Universidades Católicas à PUCRS para integrar a rede de universidades que pesquisam políticas e práticas no enfrentamento à drogadição. Realizada em conjunto com as Faculdades de Psicologia e de Farmácia, tem parcerias internacionais da Colômbia, Argentina, Bolívia, Brasil, Tailândia, Indonésia, Filipinas, Índia e Líbano.

Autor: Redação
Fonte: PUC-RS Informação

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581