Fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%. O dado integra a pesquisa InterHeart, que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana.
Segundo o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo, Leopoldo Piegas, "a depressão e a ansiedade não eram tratadas como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz.
Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.
Os impactos da depressão no sistema cardiovascular também são causados devido as alterações comportamentais que a doença causa. "A pessoa em depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumirem bebidas alcoólicas, cigarros, além de outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas", explica Piegas.
Estresse
Outro fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é o estresse, que está ligado diretamente a ansiedade e depressão.
Pesquisa realizada pelo setor de psicologia do HCor com executivos que realizam check-up na instituição, revelou que 50% dos executivos com idade média de 40 anos sofrem de estresse.
Das 234 pessoas avaliadas, 79% são do sexo masculino e 21% do sexo feminino, sendo que 37% ocupam cargos de gerência, 20% cargos de analistas, 8% são engenheiros e 35% outras profissões. Dos sintomas provenientes do estresse destaca-se a ansiedade, com 75% e a irritabilidade com 51%. "Os fatores relacionados ao estresse estão presentes no relacionamento familiar, tempo reduzido para o lazer, sedentarismo, insônia e oscilações de humor. Além disso, características de personalidade, como, perfeccionismo, elevada autoexigência, ansiedade e ligação com o trabalho interferem na intensidade do estresse", explica a chefe do Serviço de Psicologia do hospital, a médica Silvia Cury.