Entre os hospitais está o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (foto).
O MEC deve apresentar em julho uma proposta para reestruturar os hospitais universitários nos moldes do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que ampliou o acesso e o número de vagas no ensino superior. Para o diretor geral do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alexandre Pinto Cardoso, membro da Diretoria dos Hospitais Universitários, essa nova proposta deve incluir uma dotação orçamentária global para cada unidade, baseada na performance e capacidade de cada um dos hospitais.
Cardoso afirma que os principais problemas atualmente estão na carência de contratação e no custeio das atividades. Para ele, o Ministério da Saúde deveria contribuir com mais recursos para a compra de equipamentos e outros investimentos na melhoria da infraestrutura hospitalar.
O MEC é responsável pela folha de pagamento dos funcionários públicos concursados. Todas as outras despesas são custeadas pelo próprio hospital, com o que recebe pela prestação de serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) e outros recursos próprios. "Com o tempo, não houve renovação quantitativa do quadro de pessoal. Além disso, o nosso custeio é dominantemente da prestação de serviços ao SUS, o que não é suficiente", afirmou Cardoso.
Como exemplo, ele compara o HUCFF com o Hospital Geral de Bonsucesso, cuja gestão é do Ministério da Saúde. "Os dois hospitais têm cerca de 40 leitos. Enquanto nosso orçamento executado no ano passado foi de R$ 49,5 milhões, o deles foi de R$ 106 milhões".
O levantamento do MEC mostra que, no período de um ano, os HUs realizaram um milhão de atendimentos de emergência, 402 mil internações, seis milhões de consultas, 20 milhões de procedimentos médicos e 10,7% do total de transplantes.
Quase 40% dos profissionais que trabalham nesses hospitais têm vínculos precários, recebendo por intermédio de fundações ou cooperativas. "Em um ano, mais de mil vagas foram desativadas por falta de recursos para mantê-las", lamentou Cardoso. Segundo ele, os hospitais universitários, quando foram criados, não tinham a dimensão que têm atualmente. "Temos que redefinir urgentemente o modelo de financiamento porque não é possível continuar com esse subfinanciamento crônico", afirmou.
Por causa da crise financeira, o HUCFF chegou a suspender por dois meses a realização de transplantes.
