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O poder das canções
 
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06/07/2009

O poder das canções

Por hospitais de todo o País, multiplicam-se as iniciativas que usam a música como remédio contra as doenças

EFEITO No Hospital Samaritano (SP), há apresentações quinzenais. Os doentes melhoram o humor

O bem-estar promovido quando se ouve uma boa música é inegável. Mas a ciência está descobrindo que os benefícios da canção para o corpo e a mente vão muito além do relaxamento. Pesquisas feitas em vários laboratórios espalhados pelo mundo informam que as composições contribuem para o alívio da dor, atenuam a depressão, ajudam no tratamento de doenças respiratórias, afiam o funcionamento cerebral e até auxiliam na restauração da visão de pacientes vítimas de acidente vascular cerebral. Por razões como essas, a música tem se tornado um instrumento terapêutico cada vez mais presente no tratamento, seja ele individual, seja dentro dos hospitais.

Trata-se de um movimento global, com grande representação no Brasil. Por aqui, crescem as iniciativas que usam canções como espécie de remédios coadjuvantes. No Hospital Samaritano, em São Paulo, os pacientes internados nos 200 leitos recebem visitas quinzenais dos Menestréis, grupo de músicos e cantores formado pelos próprios funcionários da instituição. "Fazemos uma intervenção musical com eles", diz a enfermeira Eliseth Leão, coordenadora do programa.

Batizado Uma Canção no Cuidar, o projeto foi desenhado especialmente para obter os melhores efeitos nos pacientes. Primeiro, os músicos lançam mão de canções de amor, por exemplo, e com as quais os indivíduos se identificam. Entre elas, está "Falando de Amor", de Tom Jobim. Depois, apresentam composições que os ajudam a refletir sobre o momento que estão vivendo e que trazem mensagens de otimismo - "Tocando em Frente", de Almir Sater, é uma das músicas executadas. A apresentação é encerrada com algo alegre, relaxante, como "Tarde em Itapoã", de Toquinho e Vinicius de Moraes. "Queremos ajudar o paciente a se lembrar do que há de saudável no seu corpo e na sua mente", explica Eliseth.

REPERTÓRIO No projeto Música nos Hospitais, clássicos brasileiros

 O programa Musicoterapia nos Hospitais, realizado por alunos e professores das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), segue modelo semelhante. Porém, uma das canções tocadas é composta especialmente para o paciente.

"Antes da visita, realizamos um levantamento do repertório musical dos doentes", conta a musicoterapeuta Maristela Smith, coordenadora do programa. "E depois compomos uma música para cada um deles." Já o projeto Música nos Hospitais, patrocinado pelo laboratório farmacêutico Sanofi-aventis, completa seis anos comemorando concertos em instituições de todo o País. No repertório, composições eruditas - Vivaldi, Mozart e Bach, por exemplo - e também peças de Pixinguinha e de Chiquinha Gonzaga, entre outros compositores brasileiros.

Todas essas ações apresentam resultados muito interessantes. Em uma pesquisa feita em quatro hospitais visitados pela equipe da FMU, os terapeutas constataram, entre outros ganhos, que 90% dos doentes com doenças crônicas beneficiados pela música manifestaram melhora de humor. Mas o que outros estudos estão demonstrando é um espectro mais amplo de vantagens.

 

Um trabalho realizado no Instituto do Coração, em São Paulo, com 70 doentes revelou que aqueles que ouviam música clássica durante a realização de um cateterismo diagnóstico (procedimento no qual um cateter é levado até o coração para identificar eventuais obstruções nas artérias) ficaram bem menos ansiosos do que os submetidos ao exame sem trilha sonora. "O exame fica mais tranquilo para o doente", explica a psicóloga Daniele Watanabe, autora da pesquisa. Atualmente, ela conduz outro estudo sobre o tema, com 300 pacientes, que servirá de base para sua tese de doutorado.

Na Inglaterra, uma equipe do Imperial College London descobriu que a música ajuda pessoas com a visão debilitada após um acidente vascular cerebral. Eles verificaram que os indivíduos enxergavam melhor quando ouviam suas canções preferidas. "Acredito que o prazer que isso proporciona libera substâncias que facilitam a transmissão de sinais entre os neurônios", explicou à ISTOÉ o pesquisador David Soto, autor do trabalho. "Isso auxilia na retomada de funções perdidas ou prejudicadas."

De fato, está provado que há mudanças significativas promovidas pela música dentro do organismo. "Ouvir ou apenas pensar em uma música estimula o fluxo sanguíneo entre as redes de neurônios", disse à ISTOÉ Wendy Magee, pesquisadora de musicoterapia do Instituto de Reabilitação Neuropaliativa, em Londres.

Em um trabalho publicado na última edição do jornal Circulation, da Associação Americana de Cardiologia, pesquisadores italianos descreveram outros efeitos: quando o andamento é lento, os vasos sanguíneos se dilatam, resultando em uma queda da pressão arterial. Se for mais rápido, ao contrário, há uma contração dos vasos, elevando a pressão. E períodos com frases musicais longas, como no coro "Va Pensiero", da ópera "Nabucco", de Verdi, sincronizam o ritmo dos batimentos cardíacos. É a mudança do corpo pelo som. "Toda forma de arte, inclusive a música, é um caminho seguro e direto de transformação", diz o médico Samir Rahme, maestro da Orquestra do Limiar, do projeto Música nos Hospitais.

Fotos: Fabiano Cerchiari/ag. Istoé; Divulgação

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Autor: Cilene Pereira
Fonte: Isto É Independente

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