O Ministério da Saúde sugere que o trabalho dos agentes comunitários de saúde seja dividido em cinco competências, sendo uma delas a promoção da saúde. No entanto, essa é a competência menos desenvolvida por eles, segundo uma pesquisa da Escola de Enfermagem (EE) da USP, que analisou o potencial do agente comunitário para a promoção de saúde, verificando se e quanto cada competência era exercida.
O estudo, de autoria da enfermeira Maria Fernanda Pereira Gomes, analisou as cidades do chamado Colegiado Gestor Regional do Alto do Capivari, que inclui os municípios de Iepê, João Ramalho, Nantes, Quatá e Rancharia (interior de São Paulo). Sendo estes municípios muito pequenos, não há atendimento de alta complexidade neles e, por isso a pesquisadora queria saber se a atenção primária (que engloba a prevenção e a promoção da saúde) era privilegiada e mais realizada, o que ela verificou que não é verdadeiro. Assim como nas cidades maiores, estes aspectos não são tão estimulados: a promoção da saúde tem um percentual de 66,7% de realização, o que é um número médio, mas algumas de suas sub-divisões apresentam taxas inferiores a 40%.
Segundo a enfermeira, o agente comunitário de saúde, que atua na mesma região em que mora, tem o perfil e a cultura da população que atende, o que quer dizer que a sua função de elo é muito grande, e ele possui um enorme potencial para a promoção da saúde. Não a toa, das competências estabelecidas pelo Ministério da Saúde, a mais realizada nos municípios da pesquisa foi a integração com a população local (90,62% de realização). Além desta e da Promoção da Saúde, as outras competências estabelecidas pelo Ministério da Saúde são Planejamento e Avaliação, Prevenção e Monitoramento de risco ambiental e sanitário e Prevenção e Monitoramento a grupos específicos e morbidades.
Um entrave para a realização da promoção da saúde, no entanto, é a cultura curativista, ou seja, o costume de se privilegiar ações para monitoramento de doenças, medidas relacionadas ao agravamento da saúde e que tentem curar enfermidades, sem dar a devida atenção às ações prévias. " O agente tem o potencial para promover a saúde, mas temos essa cultura curativista, então não é culpa dele que isso não ocorra" , diz Maria Fernanda. Ela acrescenta ainda que os resultados já eram esperados e são positivos no sentido de que demonstram um padrão de tratamento de saúde em todos os tipos de cidade.