Cientistas do UT Southwestern Medical Center, nos EUA, identificaram uma enzima que remove gordura de proteínas do hospedeiro para interromper a comunicação celular e permitir o desenvolvimento de doenças infecciosas.
Os resultados fornecem uma melhor compreensão sobre doenças infecciosas bacterianas graves, bem como algumas formas de câncer, em que a ligação de moléculas de gordura a proteínas é uma característica essencial do processo da doença.
O grupo de pesquisa descobriu uma enzima que age como uma ' tesoura' que corta ácidos graxos essenciais funcionais de proteínas. "A que estudamos em particular, um ácido graxo carbono 14 saturado chamado ácido mirístico, tem recebido muita atenção devido ao seu papel crucial na transformação de células normais em células cancerosas e na promoção do crescimento de células cancerosas", observa o pesquisador Neal Alto.
Devido à importância da gordura na doença humana, os pesquisadores têm tentado por anos identificar métodos eficazes para removê-las de proteínas. "Para nosso espanto, as bactérias inventaram a ferramenta precisa para o trabalho", explica Alto.
As bactérias Shigella flexneri utilizadas neste estudo são capazes de atravessar a parede intestinal e infectar células do sistema imunológico. Outras bactérias intestinais, tais como E. coli, são incapazes de fazer isso. Uma vez que Shigella encontra as células do sistema imune, incluindo as células brancas do sangue, tais como os macrófagos, as bactérias utilizam um complexo para injetar cerca de 20 toxinas bacterianas nas células.
Os pesquisadores realizaram uma série de experimentos para caracterizar uma dessas toxinas, chamada IPAJ. Eles não só descobriram a capacidade de IPAJ em remover a gordura, mas também determinaram a forma como a proteína desativa a infraestrutura de comunicação do sistema imunológico.
Normalmente, um macrófago engole uma bactéria invasora e envia citocinas, proteínas que funcionam como sinais de alerta, que recrutam mais células imunológicas para o local da infecção. Quando os macrófagos engolem Shigella, no entanto, as bactérias utilizam IPAJ para cortar os ácidos graxos das proteínas, que precisam dessas gorduras para ' tocar' o alarme. Esse processo aumenta o tempo para as bactérias crescerem e sobreviverem.
"É muito interessante do ponto de vista de processo da doença, mas também é importante porque agora temos um alvo potencial para uma nova droga", observa Alto.
O próximo passo da equipe será identificar inibidores de pequenas moléculas que são específicos para este recorte na gordura e que podem ser desenvolvidos em medicamentos.