O uso regular de maconha pode ajudar a melhorar os níveis de açúcar no sangue e no controle do diabetes, de acordo com pesquisadores do Beth Israel Deaconess Medical Center, nos EUA.

Os resultados mostraram que usuários de maconha têm níveis de insulina em jejum 16% mais baixos e eram menos propensos a ser resistentes à insulina.

As descobertas foram publicadas no American Journal of Medicine.

A maconha (Cannabis sativa) tem sido usada durante séculos para aliviar a dor, melhorar o humor e aumentar o apetite. Proibida nos Estados Unidos em 1937, o seu uso social continua a aumentar e a opinião pública está balançando em favor do uso medicinal da maconha.

Há uma estimativa de 17,4 milhões de usuários atuais de maconha nos Estados Unidos. Cerca de 4,6 milhões desses usuários fumam maconha diariamente ou quase diariamente. Uma forma sintética de seu ingrediente ativo, tetra-hidrocanabinol, vulgarmente conhecido como THC, já foi aprovada para o tratamento de efeitos secundários da quimioterapia, anorexia induzida pela AIDS, náusea e outras condições médicas.

A equipe de pesquisa analisou dados obtidos entre 2005 e 2010. Eles estudaram os dados de 4.657 pacientes que completaram um questionário sobre o uso de drogas. Destes, 579 eram usuários de maconha, 1.975 tinham usado maconha no passado, mas não eram usuários atuais e 2.103 nunca tinha usado a droga. A insulina e a glicose em jejum foram medidas através de amostras de sangue depois de um jejum de nove horas, e eles calcularam a resistência à insulina.

Os participantes que relataram uso de maconha no mês anterior ao estudo tinham níveis mais baixos de insulina em jejum e altos níveis de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C). Estas associações foram mais fracas entre aqueles que relataram uso de maconha pelo menos uma vez, mas não nos últimos 30 dias, sugerindo que o impacto do uso da maconha sobre a insulina e a resistência à insulina existe durante os períodos de uso recente.

Os usuários da droga tinham níveis 16% mais baixos de insulina em jejum do que os participantes que relataram nunca ter usado maconha em suas vidas.

Circunferência da cintura grande está ligada ao risco de diabetes. No estudo atual também houve associação significativa entre o uso de maconha e menores circunferências da cintura.

"Estudos epidemiológicos anteriores encontraram menores taxas de prevalência de obesidade e diabetes melito em usuários de maconha em comparação com pessoas que nunca usaram maconha, sugerindo uma relação entre os canabinoides e processos metabólicos periféricos, mas o nosso é o primeiro estudo a investigar a relação entre o uso de maconha e insulina e glicose em jejum e a resistência à insulina", afirma o investigador principal Murray A. Mittleman.

Embora as pessoas que fumam maconha têm níveis de ingestão calórica média maior do que os não usuários, o uso da maconha tem sido associado a um menor índice de massa corporal.

Os pesquisadores reconhecem que os dados sobre o uso da maconha foram auto-relatados e podem estar sujeitos à subestimação ou negação do uso de drogas ilícitas. No entanto, eles apontam que a subestimação do uso de drogas provavelmente produziria resultados tendenciosos para nenhuma associação.