A Diretriz do Esporte e do Exercício. Avaliação Cardiológica e do Deficiente Físico foi lançada, neste sábado (28), durante o 68º Congresso Brasileiro de Cardiologia, no Rio de Janeiro.
O primeiro conjunto de normas para avaliar as condições de pessoas com deficiência física para prática de esportes, em todo mundo, é resultado de três anos de estudo de equipe formada por 40 especialistas em cardiologia e medicina de esporte da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). "Convidamos pessoas que tinham convivência com coração de atletas, com esporte competitivo e com nível de intensidade de exercício", afirmou o cardiologista Nabil Ghorayeb, editor da cartilha.
"Colocamos um item inédito no mundo inteiro, que é a avaliação dos paralímpicos, que nunca tiveram nada relacionado a eles. Como está crescendo a participação deles nas competições mundiais, fizemos questão de ter um capítulo de como preparar e como avaliar um paralímpico", afirmou Nabil.
O documento tem previsão para ser atualizado a cada dois ou três anos, sendo utilizado pelos médicos para orientar os profissionais de saúde sobre exames a serem solicitados para avaliação e acompanhamento da evolução de pacientes. O manual realiza a avaliações a partir de três grupos distintos. No primeiro grupo estão as diretrizes para avaliação prévia para de pessoas que vão realizar esportes, se inscrever em academias ou mesmo usar a atividade física como lazer. Já o segundo grupo está focado nas doenças que matam ou que complicam a vida das pessoas durante realização de atividades físicas. No último grupo, estão as regras para avaliar os atletas paralímpicos.
Para o médico, com a proximidade da Copa do Mundo e das Olimpíadas deve aumentar o número de pessoas que vão buscar as atividades esportivas, por isso aumenta a importância da elaboração da Diretriz. "Vai ser fácil seguir uma conduta uniforme. Os médicos faziam os exames que achavam que deveriam ser feitos. Agora será uniformizado. E no próprio Congresso vamos discutir o documento e os que tiverem dúvidas poderão apresentar", acrescentou, informando que a revisão das normas, para incluir os avanços na medicina, será feita em 2015.
O diretor da Divisão Clínica do Laboratório de Pesquisa, Treinamento e Simulação em Emergências Cardiovasculares do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, Sérgio Timerman, disse que a preocupação é que muita gente, na busca por uma vida mais saudável, começa a fazer exercícios físicos sem procurar um especialista antes para uma avaliação médica. "Procurar uma vida saudável significa procurar saber também se a pessoa está saudável para uma atividade física", contou.
O médico alertou para os casos de morte súbita que ocorrem durante a prática de exercícios sem uma avaliação preliminar das condições físicas da pessoa. "Nessa avaliação inicial pode-se detectar o risco ou não de essa pessoa fazer uma atividade que, em vez de melhorar a qualidade de vida, leve a uma morte súbita", explicou.
Sérgio Timerman defendeu que as academias façam sempre testes físicos na admissão de novos usuários. "Existem academias facilitando a entrada de pessoas sem nenhuma análise", disse.