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Rejeição a determinados alimentos tem causa social e genética
 
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09/10/2013

Rejeição a determinados alimentos tem causa social e genética

Razões biológicas têm sido amplamente estudadas, mas as razões sociais são menos claras

Pudim de leite te causa enjoo? Brócolis, bife de fígado ou queijo não te caem bem? Você não está sozinho.

A crítica de gastronomia Stephanie Lucianovic sofre mais aversão à comida do que a maioria das pessoas. "Ser difícil para comer não é uma opção, é uma verdadeira desgraça."

"Repulsão seguido pelo desejo de vomitar." Essa foi sua reação quando tentou comer certos alimentos que odiava. Atualmente esses alimentos incluem passas, bananas e vísceras.

David Jackson, do centro de investigação sobre alimentos do Leatherhead, não gostava de azeitonas quando era criança.

"As azeitonas são muito amargas", diz ele. "Eu odiava."

"Mas o que provavelmente aconteceu é que, quando você fica mais velho, você quer parecer mais sofisticado, e por isso há uma motivação para comê-las, mesmo que não goste."

Razões biológicas e sociais

As razões biológicas que levam certas pessoas a rejeitarem certos alimentos têm sido amplamente estudadas, mas as razões sociais são menos claras.

"É difícil saber por que superamos aversões a determinados alimentos, mas é claro que muitas pessoas passam a ser menos exigentes à medida que ficam mais velhas", diz Paul Chappell, do Departamento de Sociologia da Universidade de York, na Grã-Bretanha.

"Querer seguir somente a própria vontade está associado à infância: nós esperamos que as crianças rejeitem uma grande quantidade de alimentos."

"O caso não é o mesmo para os adultos. Ser exigente não é socialmente aceitável, e recusar determinados alimentos por não gostar, pode causar situações constrangedoras."

Stephanie Lucianovic, que publicou um livro sobre a vida de um adulto exigente, disse que estes são estigmatizados.

"Isso acontece, principalmente, porque as pessoas pensam que é uma opção, que eles estão fazendo isso para irritar e não se importam em incomodar os outros."

Ela mesma é exigente, e aprendeu a comer certos alimentos combinando-os com os sabores que gosta.

Agora, os odiados brócolis, couve de Bruxelas e pêssego se tornaram iguarias em seu prato, Lucionovic disse à BBC.

Genes e evolução

As razões pelas quais as pessoas preferem determinados alimentos são mais claras.

Os cientistas têm investigado as diferenças genéticas, e têm agrupado as pessoas em três diferentes grupos: os "degustadores", os "super degustadores" e os "degustadores regulares".

Os super degustadores tendem a ter uma maior correlação com os genes que codificam os receptores das papilas gustativas, que são responsáveis por identificar os componentes amargos.

E assim, eles têm uma forte aversão a alimentos amargos, como couve de Bruxelas e brócolis.
O cheiro também influencia muito.

"O queijo, por exemplo, quando envelhece, ou quando colocamos algum fungo para fazê-lo maturar, degradam os aminoácidos das proteínas do leite e o mal cheiro ocorre", disse David Jackson.

Do ponto de vista da evolução, há razões para esta reação a alimentos amargos e que contêm enxofre.

"Os caçadores dependiam do olfato. O cheiro de enxofre indicava a presença de bactérias nos alimentos. Comê-los poderia deixá-los doente", explica Jackson.

Da mesma forma, a evolução pode explicar a aversão inata ao gosto amargo.

Algumas plantas não comestíveis são amargas, e por isso aqueles que conseguem fazer essa associação têm mais chance de sobreviver.

Como superar as aversões

Muitos conseguem facilmente superar essas aversões. Mas e aqueles que não conseguem?

As motivações para superá-las variam. Podem ser pressões sociais, desejo de parecer sofisticado, ou necessidade por hábitos mais saudáveis.

Em todos os casos, a melhor maneira de superar essas aversões é comer mais desses alimentos. Quanto mais você come, mais você vai gostar e a rejeição diminuirá.

Ao beber cerveja ou vinho pela primeira vez, muitas vezes, a reação é "isso não é gostoso, é muito amargo", diz Jackson.

"Mas se você continuar tentando por um tempo, essa aversão é superada e torna-se uma experiência agradável."

Acabar com a pressão

As crianças, mais do que os adultos, têm uma cautela natural em relação aos alimentos.

Para Emma Uprichard, da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, os pais devem parar de pressionar seus filhos a comer alimentos mais saudáveis.

Segundo ela, "muitos adultos têm memórias de alimentos que odiavam quando eram crianças e isso não deixou nenhum trauma quando cresceram.”

"Uma das perguntas que fazemos é se talvez não deveríamos relaxar um pouco em relação aos hábitos alimentares dos filhos, por ser um desgaste emocional para os pais forçá-los a comer o que é considerado mais adequado."

"Isso ajudaria um pouco, já que os pais não se sentiriam tão culpados o tempo todo." 


Autor: Michelle Warwicker
Fonte: BBC Brasil
Autor da Foto: BBC

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