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Modelo pioneiro usa células de felinos para estudo da toxoplasmose
 
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29/07/2009

Modelo pioneiro usa células de felinos para estudo da toxoplasmose

O modelo pode ser o primeiro passo para a realização de pesquisas sem a utilização de animais adultos vivos, e pode abrir caminho para novas estratégias de controle da doença

Embora o Toxoplasma gondii seja conhecido há mais de um século, a maioria das pesquisas estuda a toxoplasmose no homem, hospedeiro intermediário do parasito. Porém, é no gato doméstico, hospedeiro definitivo, que acontecem os ciclos sexuado e assexuado de reprodução do parasito, garantindo sua manutenção na natureza. Um trabalho realizado no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) buscou avançar justamente neste ponto: os pesquisadores desenvolveram um modelo inédito de cultivo in vitro de células intestinais de gato doméstico. O modelo pode ser o primeiro passo para a realização de pesquisas sem a utilização de animais adultos vivos, e pode abrir caminho para novas estratégias de controle da doença.

Como hospedeiros definitivos do parasito, os felídeos, em especial o gato doméstico, têm papel fundamental no ciclo da toxoplasmose. Em geral, são contaminados pela ingestão de carne de roedores ou de pequenas aves infectadas. A reprodução sexuada do T. gondii acontece somente no intestino destes reservatórios, onde são produzidos os oocistos, eliminados nas fezes, contaminando água, solo, plantas e animais. O modelo experimental é o primeiro capaz de reproduzir esse ciclo. As culturas de células intestinais de gato foram infectadas com o parasito, que evoluiu até a formação dos gametas, algo que nunca havia sido conseguido in vitro.

Para o veterinário Marcos de Assis Moura, responsável pelo estudo, entender por que o ciclo sexuado do T. gondii ocorre apenas em felídeos pode permitir o desenvolvimento de novas estratégias de controle da toxoplasmose. “Podemos pensar em vacinas ou terapias para aplicação em gatos que interrompam o ciclo reprodutivo do parasito no gato, por exemplo” avalia o Marcos. A pesquisa foi desenvolvida durante seu doutorado em biologia parasitária no Laboratório de Biologia Estrutural do IOC, sob orientação das pesquisadoras Helene Barbosa e Maria Regina Amendoeira.

No homem, a toxoplasmose é assintomática em mais de 80% dos casos. Em casos de crianças congenitalmente infectadas, pode causar doença ocular, com risco de levar à cegueira, além de hidrocefalia, deficiências psicomotoras ou neurológicas, e calcificação intracerebral. Pessoas com baixa imunidade, como pacientes com Aids ou câncer, podem apresentar quadros graves de encefalia e necrose da retina, com perda total da visão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de metade da população mundial está cronicamente infectada pelo parasito. Sua transmissão ocorre através da ingestão de cistos presentes em carne crua ou mal-cozida, ou através de água ou alimentos contaminados pelos oocistos do parasito.

Limitações da técnica ainda precisam ser superadas

Estabelecer um modelo experimental adequado que mimetize em tubo de ensaio as condições do ambiente onde os diversos estágios evolutivos do ciclo sexuado do T. gondii ocorre não foi tarefa fácil. Após tentativas infrutíferas com gatos adultos, os pesquisadores conseguiram estabelecer o modelo a partir de células de fetos de gatos. O material é obtido a partir de fragmentos de tecido de animais doados pela Universidade Castelo Branco (UCB/RJ).

O epitélio intestinal de gatos adultos tem muito contato com o meio externo, abriga diversos microorganismos e é de difícil descontaminação, enquanto o dos fetos já é descontaminado e apresenta alta capacidade multiplicativa. “Apesar de não levar em conta a interação entre o T. gondii e a fauna microbiótica do intestino do gato adulto, o modelo reproduziu adequadamente o ciclo do protozoário”, argumenta Marcos. “Ele poderá servir de base para pesquisas mais complexas sobre a doença, sem a necessidade de modelos vivos - o que, além dos benefícios éticos que são evidentes, representa ganhos de logística e de capacidade de pesquisa”.

O modelo, no entanto, precisa ser aprimorado para que possa ser reproduzido em outros laboratórios. “Apesar de promissor, nosso protótipo tem um tempo de vida de 45 dias, depois dos quais é necessário realizar uma nova coleta e cultura de células”, explica Marcos. “Agora, é necessário aplicar técnicas de imortalização dessas células, transformando-as em uma linhagem padronizada que possa ser utilizada em outros laboratórios para o estudo do T. gondii”.


Autor: Marcelo Garcia
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias

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