O Laboratório Central do Estado - IPB/Lacen iniciou este mês a segunda etapa do seu programa de cooperação internacional em saúde pública com Moçambique. Mais quatro biólogos moçambicanos participam do “Curso de Capacitação em Bacteriologia da Tuberculose: Diagnóstico Laboratorial”. A continuidade dos treinamentos no IPB/Lacen, administrado pela Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde-Fepps, instituição vinculada à Secretaria Estadual da Saúde, foi uma solicitação do governo do país africano, através do Programa de Tuberculose do Ministério da Saúde de Moçambique.
Conforme a diretora do laboratório do Estado, Helena Rosek, a boa repercussão teve origem na vinda ao Rio Grande do Sul, no ano passado, dos biólogos moçambicanos Donato Miguel Lemos e Andrea Viana Rodrigues. O treinamento deste ano vai até dezembro, também em técnicas de diagnóstico da tuberculose.
O objetivo do curso é qualificar técnicos moçambicanos nas rotinas laboratoriais do diagnóstico e controle da tuberculose e nas atividades de organização de uma rede de laboratórios. As informações técnicas fornecidas, a troca de conhecimentos e experiências visam sensibilizar e melhorar as atividades do diagnóstico da tuberculose e a gerência da rede de laboratórios. Desta maneira, é possível conhecer a magnitude da doença no mundo e em seu país, para reconhecer as metas do governo para o controle da Tuberculose e a importância de uma rede no contexto do Programa Nacional de Controle da Tuberculose-PNCT. A identificação dos indicadores epidemiológicos e operacionais gerados pelos dados do laboratório é fundamental para que sejam integrados às ações de monitoramento e avaliação do PNCT.
O programa do curso no IPB/Lacen surgiu a partir de contatos entre o CDC Global AIDS Program (GAP)/Mozambique e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose/Coordenação Geral de Laboratórios do Ministério da Saúde (PNCT/CGLAB/MS/Brasil), que indicou o Laboratório Central do Estado para sediar o treinamento em metodologias do diagnóstico e controle da tuberculose e de atividades da rede de laboratórios, para biólogos do Laboratório Nacional de Referência de Tuberculose e Lepra (LNRTL) de Maputo, Moçambique.
No Estado do Rio Grande do Sul, o IPB/Lacen é o representante do Rio Grande do Sul na Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. Tem a competência de servir de referência à Vigilância em Saúde, através de seus diagnósticos, conforme as diretrizes estabelecidas pela Secretaria Estadual da Saúde. Na área da biologia médica executa diagnósticos de doenças de notificação obrigatória como a tuberculose. O trabalho é realizado no Laboratório de Micobactérias da Seção de Bacteriologia, com baciloscopia, cultura, identificação e teste de sensibilidade.
A doença
A média brasileira de novos casos de tuberculose é de 40 por 100 mil habitantes. A média de Porto Alegre é de 90,9 casos por 100 mil habitantes. Pouco mais de 10% dos casos de tuberculose no Brasil estão localizados na região Sul do País. O Rio Grande do Sul é o 11º em taxa de mortalidade, um índice próximo da média nacional.
De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, o número de pessoas portadoras do bacilo de Koch, causador da doença, é muito maior do que a média de casos registrados. O que ocorre, segundo ele, é que a manifestação da tuberculose se dá quando a pessoa portadora do bacilo está com deficiências imunológicas.
Barreira enfatiza que a cura da tuberculose se dá na quase totalidade dos casos, desde que o tratamento seja feito corretamente e que o paciente não o abandone. Atualmente a tuberculose causa a morte de quase cinco mil pessoas por ano no Brasil e é a doença oportunista que mais mata os pacientes com HIV.