O aumento dos acidentes de trânsito, principalmente com motocicleta e o envelhecimento da população, causando maior número de fraturas, levaram a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) a constatar a necessidade do aumento do número de Ortopedistas e Traumatologistas no Brasil.

Este aumento vem sendo progressivamente compensado com a qualificação de novos Ortopedistas através dos Serviços de Residência Medica em conjunto com a Comissão de Ensino e Treinamento (CET) da SBOT.

A CET/SBOT vem aumentando o número de vagas destinadas a formação de Ortopedistas e Traumatologistas. Ao final dos 3 anos de Residência médica os Residentes participam de uma avaliação para alcançarem o Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia.

“Neste ano tivemos 742 candidatos e para o ano que vem esperamos pelo menos 850, preparados pelos 154 serviços de residência em Ortopedia e Traumatologia credenciados e supervisionados pela CET/SBOT”, afirma o presidente da Comissão de Ensino e Treinamento da SBOT, Osvaldo Guilherme Nunes Pires, da Escola Paulista de Medicina - Unifesp.

Para o especialista a previsão é importante, porque a formação de um ortopedista capacitado e altamente qualificado é bastante demorada. O candidato tem que cursar 6 anos de Faculdade de Medicina e mais 3 anos de Residência, 9 no total.

“O Ministério da Saúde, da Educação e a Comissão Nacional de Residência Médica quererem que o médico recém formado passe dois anos em residência médica obrigatória na rede pública a partir de 2018. Ele irá trabalhar para o SUS, o primeiro ano nas áreas de atenção primária de emergência e urgência”, o que pode atrasar ainda mais a titulação dos ortopedistas que a sociedade brasileira demanda.

Acompanhamento da residência

Osvaldo Guilherme Pires explica que a SBOT acompanha de perto a formação dos futuros ortopedistas. A entidade credencia e fiscaliza os serviços credenciados a oferecer residência, define o conteúdo programático dos 3 anos de Residência Médica, acompanha a carga horária e cuida principalmente para que a formação do ortopedista e traumatologista seja homogênea em todos os serviços brasileiros. Medidas que levam à uniformização da capacitação dos especialistas de todos os Estados.

“O treinamento do futuro especialista é complexo”, insiste o médico, “pois a Ortopedia é talvez a especialidade que maior desenvolvimento tecnológico teve nos anos recentes”. Assim, quem se prepara precisa saber analisar exames de imagem, como ressonância magnética, tomografia, dominar as técnicas cirúrgicas, inclusive as mais recentes, como a artroscopia ou artroplastia, ou os casos em que cabe o uso de hastes intramedulares bloqueadas, tecnologia de ponta, mesmo que o futuro especialista vá trabalhar num serviço onde não conte com essas novas ferramentas.

A questão diz respeito à responsabilidade da SBOT que, ao entregar ao mercado um ortopedista titulado, assume a responsabilidade por sua capacitação. “E neste momento estamos precisando formar mais especialistas e não postergar sua titulação”, diz Osvaldo Pires, “já que diante do aumento da demanda até mesmo os Estados Unidos estão preocupados e anunciam que preveem que todos os grandes centros norte-americanos terão falta de ortopedistas num horizonte em torno de 2020”.

“A previsão vale também para o Brasil”, conclui o presidente da Comissão de Ensino e Treinamento, pois aqui também o rápido envelhecimento da população vai exigir cada vez mais dos 9.000 especialistas filiados à SBOT, “aos quais esperamos que muitos mais se somem nos próximos anos”.