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Ansiedade dos pais é o melhor preditor de desfechos em crianças expostas ao trauma
 
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19/08/2009

Ansiedade dos pais é o melhor preditor de desfechos em crianças expostas ao trauma

História de transtorno de ansiedade nos pais é o melhor preditor do desenvolvimento e persistência do TEPT em crianças e adolescentes

De acordo com os dados apresentados no 9º World Congress of Biological Psychiatry, história de transtorno de ansiedade nos pais é o melhor preditor do desenvolvimento e persistência do transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) em crianças e adolescentes que foram submetidos a eventos traumáticos.

“Crianças e adolescentes nos quais 1 ou ambos os pais têm história de ansiedade podem estar mais vulneráveis ao transtorno do estresse pós-traumático”, disse Dr. Ruby Castilla-Puentes, DrPH, que têm dois convênios como professora adjunta na University of North Carolina, em Chapel Hill, e University of Pennsylvania, na Filadélfia.

“Na verdade, nossos dados mostraram que crianças com pais com história de transtorno de ansiedade pais tinham 3 vezes mais chances de ter sintomas do transtorno do estresse pós-traumático em 1 mês, e 2 vezes mais chances de ter sintomas persistindo por 5 anos, do que crianças sem pais com história de transtorno de ansiedade”, disse Dra. Castilla-Puentes à Medscape Psychiatry.

Ela acrescentou que, enquanto algumas crianças e adolescentes se recuperaram espontaneamente do transtorno do estresse pós-traumático com o tempo, os resultados sugerem que vítimas com pais com história de transtorno de ansiedade, incluindo transtornos gerais de ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno do estresse pós-traumático e fobias, devem receber atenção especial por parte dos profissionais de saúde mental, devido ao maior risco de desenvolver transtorno do estresse pós-traumático após experiências traumáticas.

Pais com história de ansiedade também devem ser submetidos à avaliação psiquiátrica e tratamento, ela disse. 

Tiroteio

Dra. Castilla-Puentes e colaboradores examinaram os sintomas de transtorno do estresse pós-traumático em uma coorte de 293 crianças e adolescentes em 1 mês e 5 anos após exposição traumática.

Todos os participantes do estudo tinham presenciado um tiroteio realizado por homens armados em motocicletas em um parque lotado em uma pequena cidade rural na Colômbia. Os tiros resultaram em duas mortes.

As principais medidas de desfecho foram a mudança nos sintomas de transtorno do estresse pós-traumático e a mudança na ansiedade (analisada separadamente) entre períodos de 1 mês e 5 anos de acompanhamento.

A presença de transtorno do estresse pós-traumático foi documentada durante entrevistas no Kiddie Schedule for Affective Disorders and Schizophrenia for School-Age Children-Present and Lifetime version (K-SADS-PL). Os níveis de ansiedade em crianças foram avaliados usando, como corte, 25 ou mais pontos na escala Screen for Child Anxiety-Related Emotional Disorders (SCARED).

Os pesquisadores também reuniram dados da história familiar de transtornos de ansiedade dos pacientes. As crianças tinham idade média de 13,2 anos, e média de 7,2 anos de escola antes do evento traumático.

Os resultados mostraram que os sintomas mais freqüentes nas duas entrevistas foram recordações intrusivas, relatadas em 82% dos participantes. Outros sintomas comuns foram reflexo de alarme exagerado e insônia, ocorrendo em 76% e 74% dos pacientes respectivamente.

Barreiras ao tratamento

No geral, os sintomas de transtorno do estresse pós-traumático e níveis de ansiedade diminuíram significativamente com o tempo – 32,8% e 24,6% crianças tiveram transtorno do estresse pós-traumático em 1 mês e 5 anos respectivamente. Também, 82,6% de todos os pacientes tiveram ansiedade na escala SCARED em 1 mês, e 62,4% tinham ansiedade em 5 anos.

Análises posteriores revelaram que as pontuações SCARED e sintomas de transtorno do estresse pós-traumático estavam positivamente correlacionados tanto na fase aguda quanto durante o acompanhamento de longo prazo.

História de transtorno de ansiedade dos pais esteve significativamente associada a sintomas de transtorno do estresse pós-traumático para crianças em 1 mês após o incidente (n = 293) e em 5 anos (n = 261) (odds ratio ajustado, 3,6; IC 95%, 2,3 – 5,4; e odds ratio ajustado, 2,6; IC 95%, 1,0 – 3,7; p < 0,05, respectivamente).

Dra. Castilla-Puentes enfatizou que ansiedade dos pais torna a criança mais vulnerável, produzindo, portanto, sintomas persistentes de transtorno do estresse pós-traumático. Os fatores que fornecem estrutura, previsibilidade, e senso de segurança diminuem a vulnerabilidade.

Finalmente, ela disse que, embora o estudo tenha sido conduzido em uma pequena comunidade da Colômbia, os resultados provavelmente podem ser extrapolados para outros contextos. “Crianças são expostas a trauma mundialmente, e sempre haverá pais com transtorno de ansiedade”, ela disse.

É notável que, na comunidade onde o estudo foi conduzido, nem os pais nem as crianças receberam intervenções de saúde mental. Em muitas comunidades pelo mundo existem barreiras culturais para intervenções psiquiátricas, e intervenções psiquiátricas algumas vezes não estão disponíveis devido a recursos escassos. “É importante que as comunidades superem esses obstáculos”, disse Dra. Castilla-Puentes.

Tratamento eficiente

O presidente da sessão Dr. Pierre Thomas, professor de psiquiatria na University of Lille, na França, disse à Medscape Psychiatry que o estudo “investiga um tópico importante, devido as informações escassas na literatura sobre esses impactos em crianças com transtorno de estresse pós-traumático”.

Ele também reiterou os comentários da Dra. Castilla-Puentes sobre a importância de se superar as barreiras culturais para o tratamento e citou com exemplo Serra Leoa, onde programas de tratamento patrocinados por organizações não-governamentais tem sido extremamente úteis para crianças soldado, que têm uma prevalência excepcionalmente alta para transtorno de estresse pós-traumático. “De forma importante, aproximadamente 50% dos soldados que eram crianças tinham transtorno de estresse pós-traumático no início de vários programas versus 10% um ano depois”, ele disse.

Em Serra Leoa, o governo também fez esforços rigorosos para “não excluir” soldados crianças da vida normal e, em vez disso, concedeu a elas título de ex-combatentes. “Isto significou que as crianças que foram vitimas receberam todos os benefícios e respeito da comunidade devido aos ex-combatentes, que se tornaram o pivô do sucesso do tratamento”.

Dr. Castilla-Puentes trabalha como diretora do gerenciamento de risco/benefício na Johnson & Johnson Pharmaceutical Research and Development, mas não teve declarações financeiras relacionadas ao estudo. Dr. Thomas não teve declarações financeiras relevantes.

 


Autor: Jill Stein
Fonte: MedCenter MedScape

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