À margem do SUS e dos planos de saúde, diversas empresas têm investido em serviços de saúde por meio de cartões pré-pagos. Com preços até 90% menores, elas oferecem consultas médicas, exames e internações e até cirurgias. Para acessar aos serviços, o paciente necessita adquirir o cartão, recarregar com a quantia que puder e pagar uma anuidade — geralmente de baixo valor.
Apesar de não ser proibida, a prática não é aceita pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) que a considera antiética. De acordo com o diretor do conselho, Desiré Carlos Callegari, este tipo de serviço torna a relação paciente-médico “um negócio”. Hoje, há o projeto de lei 467/2013, no Senado, que visa regulamentar a prática das empresas de cartões pré-pagos de saúde.
— A pessoa vai ao médico que a empresa oferece. Ela não escolhe o profissional pelo histórico que ele tem. Não há uma relação de confiança entre médico e paciente. Além disso, com a consulta barata, muitas vezes, o atendimento deixa a desejar. Não se oferece para o paciente a melhor consulta e, para o médico, a melhor remuneração.
O sócio da empresa Vale Saúde Sempre Eduardo Brigagão explica que o objetivo do cartão é fornecer acesso à saúde a pessoas “que não têm condições de pagar consultas particulares ou planos de saúde”.
Por sua empresa, que atua em São Paulo e Rio de Janeiro, uma consulta médica com especialistas credenciados custa em média R$ 70. Já um atendimento particular, os profissionais cobram cerca de R$ 250. Um exame de colesterol de R$ 4 pelo pré-pago pode custar R$ 127 em laboratório particular, ou seja, 97% mais caro.
― Temos como público-alvo a classe C e D, por isso oferecemos a chance desse público não ser obrigado a pagar um valor fixo mensal para estar coberto. Os pacientes apenas pagam quando realmente precisam se consultar e o cartão oferece uma forma de pagamento que “foge dos meios habituais”.
Alberto Techera, diretor-geral da Onix Serviços de Valor Agregado, afirma que as recargas podem ser feita por meio de boletos, depósitos em agências bancárias e até pelas Rede Ponto Certo [guichês que recarregam o bilhete único em São Paulo].
― Estamos em negociação para também realizar a recarga do cartão em redes de varejo para oferecer mais uma opção para os clientes.
O diretor da Abmed, Adilson Barbosa, explica que este tipo de serviço oferece benefícios tanto para o paciente, quanto para o prestador de serviço.
― O cliente tem a conveniência de se consultar e pagar ao laboratório, clínica ou hospital da maneira que quiser. O paciente negocia a forma de pagamento diretamente com o profissional da saúde, sem o intermédio dos planos de saúde.
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