Em uma pesquisa publicada, neste domingo, no site Planeta Orgânico, o engenheiro agrônomo e doutor em Meio Ambiente Moacir Roberto Darolt, pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), afirma que os alimentos orgânicos são melhores para a nossa saúde. "Embora alguns estudos mostrem que o principal motivo dos consumidores na aquisição de alimentos orgânicos seja a questão da saúde pessoal e da família, a falta de estudos epidemiológicos relacionando o consumo de produtos orgânicos com a saúde humana faz com que, cientificamente, está questão ainda seja difícil de ser respondida", escreveu.
O objetivo do artigo, diz Darolt, "não é polemizar sobre o tema, mas mostrar que a qualidade de um alimento precisa ser analisada sob diferentes aspectos que possam dar indicativos da melhor escolha para os consumidores". Ainda segundo o engenheiro, numa escala de valores, a qualidade permite avaliar e, conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar determinado tipo de produto.
Saúde: Um estado de equilíbrio
"Desde que abandonou a vida primitiva, o homem vem modificando intensamente o ambiente em que vive", afirmou Darolt. "Nesse processo houve alteração de hábitos alimentares pela introdução de substâncias tóxicas, alimentos excessivamente processados, irradiados, geneticamente alterados, além de consumo exagerado de gorduras, açúcares e sódio. Tudo com a finalidade de melhorar a aparência, o sabor e, sobretudo, a capacidade de conservação dos alimentos.
"Em verdade, a alimentação moderna tem conduzido não apenas a um desastre na saúde humana, mas também a uma série de problemas ambientais. Hipócrates já dizia que “as doenças atacam as pessoas não como um raio em céu azul, mas são conseqüências de contínuos erros contra a natureza”. "Algumas formas de Medicina Alternativa e a milenar Medicina Chinesa consideram a saúde como um estado de equilíbrio", disse no artigo. O cientista afirma, ainda que "um organismo, quando em equilíbrio, dificilmente adoece e, quando adoece, recupera-se com mais facilidade. Se a carência é nociva, o excesso também o é. Portanto, o princípio do equilíbrio, fundamento básico da Medicina Ortomolecular, deve ser resgatado. Uma alimentação de qualidade não só previne, como é um poderoso recurso terapêutico. Portanto, qualquer proposta terapêutica deve considerar o homem, seu ambiente, seus hábitos e sua qualidade alimentar.
A busca da qualidade alimentar está se tornando uma das principais preocupações dos consumidores conscientes. Atualmente, as motivações para o consumo de alimentos orgânicos variam em função do país, da cultura e dos produtos que se analisa. Todavia, observando países como Alemanha e Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, França, Dinamarca e Noruega, Polônia e Costa Rica, percebe-se que existe uma tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde e sua ligação com os alimentos, em seguida ao meio ambiente e, por último, à questão do sabor e frescor dos alimentos orgânicos.
"No Brasil, a principal motivação para compra de alimentos orgânicos também está ligada à preocupação com a saúde. Uma pesquisa encomendada pelo SEBRAE-PR e realizada pelo Datacenso (2002) nos Estados do Sul e Sudeste do Brasil mostrou que os principais motivos que levaram a consumir os alimentos orgânicos foram: Em 1º lugar e 2º lugares, faz bem a saúde/saudável; em 3º lugar, sem agrotóxicos, em 4º lugar, mais sabor; e em 5º lugar, natural e qualidade do produto. Segundo a mesma pesquisa, hoje, quem consome os alimentos orgânicos são adultos e idosos pertencentes às classes sociais A e B.
É importante destacar que o desafio de levar o alimento orgânico para as outras camadas da população não está relacionado apenas aos aspectos técnicos (produção em quantidade, qualidade, regularidade e diversidade) e econômicos (preços competitivos aos produtos convencionais), mas também aos aspectos políticos e sociais.
A íntegra do estudo está publicado no site Planeta Orgânico.