
Um conselho nacional de transplantes nos Estados Unidos adotou permanentemente uma regra que dá a crianças doentes uma chance maior de encontrar doadores de pulmão compatíveis.
A votação, na última segunda-feira (23), ocorreu um ano depois que a busca de uma garota da Pensilvânia por novos pulmões acendeu um debate nacional sobre as recras de transplante nos Estados Unidos. A partir de agora, a Rede de Procura de Órgãos e Transplantes passará a considerar com mais frequência a possibilidade de destinar pulmões de adultos para crianças.
No ano passado, um juiz federal ordenou que a Rede acrescentasse a garota Sarah Murnaghan, de 11 anos, à lista dos pacientes adultos, enquanto ela enfrentava um caso avançado de fibrose cística. Depois de dois transplantes - um deles falhou - Sarah está agora respirando por conta própria pela primeira vez em três anos.
Em uma declaração, sua família afirmou que o processo judicial foi "absolutamente o último recurso" depois que todos os apelos tinham falhado. "Acreditávamos que tornar os doadores de pulmão com mais de 12 anos disponíveis para crianças com menos de 12 anos - caso fossem bons candidatos para receber os órgãos - era a coisa certa a se fazer. Agradecemos muito pelo fato de a comunidade médica agora concordar com isso", disse a família.
Apenas 20 crianças por ano, nos Estados Unidos, são afetadas pela necessidade de um transplante de pulmão, o que torna difícil avaliar as consequências da mudança, segundo a Rede de Procura de Órgãos e Transplantes.
"Qualquer política de alocação deve pesar as necessidades específicas e as circunstâncias dos candidatos ao transplante, com o benefício que um transplante posssa trazer a eles", disse o médico Stuart Sweet, secretário da Rede. "É difícil pesar essa decisão para candidatos a transplante muito jovens, em particular", disse Sweet. "A progressão de sua doença no pulmão pode ser consideravelmente diferente em comparação a outros pacientes, até mesmo aqueles apenas alguns anos mais velhos."
O transplante de pulmão não é uma cura para a fibrose cística, mas pode ajudar a ganhar tempo. A expectativa de vida típica para pacientes com fibrose cística é de 37 anos e continua a aumentar com os avanços da medicina.
O caso de Sarah levantou questões entre especialistas em saúde e em ética sobre como as regras de doação de órgãos são criadas e sob quais circunstâncias elas podem ser desconsideradas.