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Depressão maior pode acontecer em pré-escolares
 
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26/08/2009

Depressão maior pode acontecer em pré-escolares

Um novo estudo valida a existência de transtorno depressivo maior (TDM) em crianças com três anos de idade

Um novo estudo valida a existência de transtorno depressivo maior (TDM) em crianças com três anos de idade, apenas, e demonstra que aquelas com este diagnóstico em idade tão nova são quase quatro vezes mais propensos a apresentar depressão após dois anos do que seus equivalentes pareados por idade.

Os pesquisadores declaram que os resultados provavelmente percorrerão um longo caminho para silenciar aqueles que duvidam da existência de depressão pré-escolar.

“Os céticos – e tem havido muitos – parecem achar que a questão mais importante é se pré-escolares deprimidos tornam-se crianças, adolescentes e adultos deprimidos, e este trabalho é o primeiro passo na demonstração de que este é, de fato, o caso”, declarou a autora principal, Joan L. Luby, médica, da Faculdade de Medicina da Washington University, em St. Louis, Missouri, ao Medscape Psychiatry.

Dra. Luby acrescentou que esta pesquisa também demonstra que a depressão pré-escolar não é clinicamente insignificante e que não se resolve espontaneamente.

O estudo foi publicado revista Archives of General Psychiatry.

Estressores externos

De maio de 2003 a março de 2005, os pesquisadores utilizaram a Preschool Feelings Checklist (PFC), uma lista de sintomas com 20 itens respondidos pelos responsáveis das crianças, para recrutar aquelas entre 3 e 5,11 anos de idade, a partir de consultórios pediátricos, creches e jardins de infância, em St. Louis e nos seus arredores. O estudo foi elaborado para coletar um número elevado de amostras de pré-escolares que apresentam depressão ou fatores de risco para a doença.

Para avaliar os sintomas, os pesquisadores utilizaram a Preschool-Age Psychiatric Assessment (PAPA), uma ferramenta diagnóstica de entrevista aos pais, que utiliza os critérios adequados à idade da 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV, sigla em inglês) para classificar os sintomas. Tal entrevista avalia, também, os estressores externos da vida da criança. Para as mais jovens, tais situações podem ser a mudança de creches e a morte de um animal de estimação, por exemplo.

A fim de determinar a história psiquiátrica familiar, os pesquisadores administraram a Entrevista Familiar para Estudos Genéticos aos cuidadores primários que forneceram informações relevantes sobre os parentes de primeiro e segundo grau dos participantes do estudo.

Aqueles que completaram a PFC e que preencheram os critérios de inclusão entraram no programa de desenvolvimento emocional precoce (Early Emotional Development Program), na Faculdade de Medicina da Washington University para uma ampla avaliação laboratorial de três a quatro horas de duração.

Enquanto as crianças completavam análises de desenvolvimento emocional, cognitivo e social, os cuidadores primários eram entrevistados a respeito dos sintomas psiquiátricos e de habilidades e incapacidades durante o desenvolvimento dos participantes.

As crianças eram categorizadas e alocadas em um de três grupos: os com TDM (n = 75); os que preencheram critérios de ansiedade e/ou de comportamento disruptivo, mas que não apresentavam depressão (n = 79); e aqueles sem qualquer transtorno (n = 146).

Os pesquisadores repetiram as avaliações dos pais e das crianças após 12 e 24 meses.

Transtorno depressivo maior: um grande fator de risco

Para obter dados sobre o curso contínuo do transtorno depressivo maior, os pesquisadores administraram um módulo de TDM da PAPA por telefone a 157 crianças que estavam deprimidas ou que apresentavam pelo menos quatro sintomas depressivos e/ou anedonia e que eram considerados prodrômicos.

Os pesquisadores evidenciaram que os pré-escolares que apresentavam o referido transtorno desde o início do estudo eram 11,3 vezes mais propensos a permanecerem deprimidos durante o acompanhamento do que as crianças sem tais distúrbios.

Após ajuste para fatores de risco fundamentais, incluindo a presença de estressores externos nas vidas destas crianças, o estudo demonstrou que os pré-escolares com TDM apresentavam um odds ratio (OR) de 3,64 para uma subsequente recorrência da doença.

A recorrência foi definida como um episódio de depressão que ocorreu após seis meses, no mínimo, do episódio inicial. Crianças com depressão crônica foram aquelas que apresentaram TDM em quatro ou mais períodos de avaliação.

Dos 54 pré-escolares com depressão maior no início do estudo e que completaram os módulos de TDM da PAPA, 40% permaneceram deprimidos ou apresentaram um episódio de recorrência durante os 24 meses de acompanhamento. No total, 10 participantes (19%) evoluíram para cronicidade da doença.

Além do TDM basal, a presença de uma história familiar de distúrbios afetivos no início do estudo foi outro fator preditivo de mais transtornos futuros (OR, 1,07; p < 0, 001).

Transtornos disruptivos preditivos

Curiosamente, a ansiedade não foi um fator preditivo de um futuro TDM, mas sim a presença de um transtorno disruptivo (OR, 3,04; p = 0, 006). Este também foi o caso com outras crianças, segundo Dra. Luby.

Os distúrbios disruptivos vão além do típico comportamento confrontante, às vezes, apresentado por pré-escolares energéticos. “Ultrapassam-se os limites; estas são crianças que são expulsas das creches e jardins de infância”, disse ela.

Os sintomas de depressão em pré-escolares são os mesmos daqueles em crianças maiores e adultos, com algumas exceções. “Quando nós avaliamos quanto ao transtorno em crianças pequenas, temos que analisar manifestações sintomáticas ajustadas por idade, então, por exemplo, não observamos se há redução da libido”, disse Dra. Luby.

Os médicos procuram por uma perda de interesse intensa e sustentada nas atividades e brincadeiras, alterações nos padrões de sono e uma redução mantida da alegria, segundo ela. “Uma das coisas que dificulta o diagnóstico em pré-escolares é que eles são inerentemente alegres”.

Outra bandeira vermelha é uma intensa culpa ou vergonha, acrescentou ela. “Pré-escolares que se sentem extremamente culpados após agirem erradamente ou por coisas que não são sua responsabilidade, ou que sentem menos energia e excessiva vergonha ou preocupação com este sentimento podem estar deprimidos”.

A consciência de que a depressão pode acometer crianças muito pequenas pode ajudar a criar programas de prevenção e tratamento adequados à idade, declarou Dra. Luby.

“Aplicar uma intervenção enquanto o cérebro é mais mutável ou neuroplástico – assim como introduzir fonoaudiologia o mais cedo possível para crianças com problemas de fonação – leva a uma esperança ou possibilidade de que o tratamento possa ser mais efetivo e realmente alterar a trajetória do transtorno”, disse ela.

Fenômeno recentemente reconhecido

A depressão pré-escolar é um fenômeno tão recentemente reconhecido que não há, ainda, dados científicos adequados sobre a melhor abordagem terapêutica. Entretanto, Dra. Luby e colaboradores estão testando uma intervenção psicoterápica entre pais e filhos, em um ensaio randômico controlado.

É difícil determinar o quão prevalente é este distúrbio, mas um estudo descobriu uma taxa de prevalência de 2,1%, semelhante àquela para crianças em idade escolar.

David Fassler, médico, da Faculdade de Medicina da University of Vermont, em Burlington, convidado pela Medscape Psychiatry a comentar sobre os resultados do estudo falou sobre sua esperança de que trabalhos como estes ajudem os pais, professores e pediatras a reconhecerem os sinais e sintomas da depressão pré-escolar, para que possam fornecer a ajuda necessária.

“Depressão em crianças muito pequenas é relativamente rara, mas definitivamente acontece”, disse Dr. Fassler. “Sem tratamento, pode representar um efeito devastador e, frequentemente, duradouro, sobre o desenvolvimento social e emocional da criança”.


Autor: Pauline Anderson
Fonte: MedCenter MedScape

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