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O NÃO que perde vidas
 
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29/09/2014

O NÃO que perde vidas

Metade das famílias gaúchas ainda se nega a doar órgãos de parentes após a morte encefálica

No Dia Nacional de Doação de Órgãos, que seguiu até sábado, o Rio Grande do Sul tem pouco a comemorar. Enquanto 1.378 pessoas aguardam por um transplante no Estado, levantamento da Central de Transplantes do Rio Grande do Sul revela que o NÃO ainda é a palavra mais respondida pelas famílias quando questionadas sobre a doação dos órgãos de parentes após a morte encefálica.

O primeiro NÃO é relativo ao total de possíveis doadores (pacientes com morte encefálica confirmada). Ele mostra que 49,2% das 254 famílias entrevistas após a morte do parente recusa a doação. Já na questão relativa aos possíveis doadores que não se confirmaram como doadores, os casos de negativa familiar ampliam-se para 69%. Ou seja, dos 180 prováveis doadores, o NÃO da família foi a razão em 125 dos casos.

- Cada vez fica mais claro que as pessoas precisam conversar sobre o assunto ainda em vida. Se deseja ser um doador, precisa deixar isso claro para os parentes e amigos mais próximos. Só assim, poderemos mudar esta curva negativa – ressalta a coordenadora da Central de Transplantes, Rosana Nothen.

Para ampliar a conscientização dos brasileiros sobre a importância do gesto, a campanha nacional deste ano tem como tema "Eu assumi. Sou doador de órgãos. Assuma você também. Conte já pra sua família". Segundo a legislação do Brasil, a palavra final será sempre da família. Mesmo que a pessoa registre em cartório a intenção de doar órgãos e tecidos, o transplante só ocorre com a autorização por escrito assinada pelo cônjuge do falecido ou parente mais próximo na linha sucessória.

Esperança está no RS

Alheia à negativa das famílias gaúchas, a dona de casa Marlene Soares Fernandes Primo, 58 anos, moradora de Macapá (AP), cruzou 4,5 mil km até Porto Alegre na esperança de ver renascer o neto Guilherme Fernandes Primo, 11 anos. Com graves problemas renais desde o nascimento, o menino aguarda há quatro meses por um transplante de rim. Órfão de pai e mãe, Guilherme é criado pela avó.

– Viemos para o Sul porque no Norte não fazem transplantes. Aqui está a chance do Guilherme se curar - acredita a avó.

No próximo dia 30, os dois completam um mês na Capital. A rotina de Guilherme é repleta de exames, consultas e sessões de hemodiálise. Quando não está no Hospital da Criança Santo Antônio, o acanhado Guilherme costuma assistir desenhos animados na Pousada da Solidariedade Via Vida, criada para atender pacientes em lista de espera e já transplantados.

- Ele não costuma comentar sobre a espera pela cirurgia, mas está ansioso para ter uma nova vida - comentou Marlene.

Amizade com muito em comum

Na mesma pousada onde Marlene e Guilherme estão hospedados, os dois conheceram a dona de casa Maria da Paz Silva, 53 anos, também de Macapá. Transplantada de rim há dois anos, Maria tem sido um alento para avó e o neto. Afirmando estar completamente recuperada, ela veio à Capital para consulta médica de rotina. Maria acabou encontrando os conterrâneos por acaso.

– Fiquei cinco anos esperando por um transplante. A melhor decisão que tomei na minha vida foi ter vindo ao Sul para fazê-lo. No Norte eu não teria conseguido sobreviver. Hoje, sou outra pessoa. Estou feliz e curada. Tenho certeza que isso também acontecerá com o Guilherme - afirmou, enquanto abraçava os novos amigos.

Como funciona o processo de transplante

- O paciente que necessita do transplante, chamado de receptor, preenche uma ficha e faz exames para determinar suas características sanguíneas, da estatura física e antigênicas (no caso dos rins), acompanhado e orientado pela equipe médica do centro de transplante de sua escolha ou região de domicílio.
- Os dados são organizados em um programa de computador. A ordem cronológica é usada também como critério de classificação.
- Quando aparece um órgão, ele é submetido a exames e os resultados processados ficam à disposição do sistema de classificação de receptores em lista.
- O programa faz o cruzamento entre os dados de doador e receptor e apresenta as dez opções mais compatíveis com o órgão.
- Os dez pacientes não são identificados pelo nome para evitar favorecimento, somente pelas suas iniciais e números.
- O laboratório refaz os exames e realiza outros novos com material armazenado desse receptor. Nesse momento, o receptor ainda não é comunicado.
- A nova bateria de exames aponta o receptor mais compatível.
- O médico do receptor é contatado para responder sobre o estado de saúde do paciente. Se ele estiver em boas condições, é o candidato a receber o novo órgão. Se não estiver bem de saúde, o processo recomeça, seguindo a lista estabelecida, rigorosamente.
- O receptor é contatado e decide se deseja o transplante e em que hospital fará a cirurgia.

Fonte: Central de Transplantes do Rio Grande do Sul

Os motivos da recusa

46,4% - Não doador em vida
12,8% - Perspectiva na demora na entrega do corpo
9,6% - Familiar contrário à doação
7,2% - Temor quanto à integridade do corpo
6,4% - Motivo não definido
4,8% - Arrependimento familiar
4,8% - Motivos religiosos
2,4% - Familiares indecisos
2,4% - Conflito com equipe médica
1,6% - Desconhecimento sobre a vontade do doador
0,8% - Familiar sem condições emocionais para a decisão
0,8% - Família não entende a morte encefálica


Autor: Aline Custódio
Fonte: Zero Hora
Autor da Foto: Ronaldo Bernardi

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