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Faltam recursos para sede própria de centro referência do Estado em lábio leporino
 
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27/11/2014

Faltam recursos para sede própria de centro referência do Estado em lábio leporino

Em 2013, foram atendidos quase 1,6 mil pacientes na Fundação para Reabilitação de Deformidades Crânio-Faciais

O espaço de 200m² no final de um corredor do Hospital Bruno Born, em Lajeado, ficou pequeno para a Fundação para Reabilitação de Deformidades Crânio-Faciais. Um dos centros de referência do Estado em casos de lábio leporino ou fenda palatina encaminhados pelo SUS, a Fundef precisa fazer as malas — mas a falta de recursos torna o destino incerto.

— Nossa meta é criar um hospital próprio. A atual estrutura limita a quantidade de atendimento e até o conforto de pacientes e médicos — explica Adriano Strassburger, presidente do Conselho Diretor da Fundef.

Em 2013, foram atendidos quase 1,6 mil pacientes, 350 a mais do que há cinco anos, por exemplo. O número de novos casos — que passam por diagnóstico e são encaminhados a procedimentos como cirurgia, fonoaudiologia e ortodontia — supera 120 ao ano. Como o tratamento todo pode levar até 20 anos nos casos mais complicados, o trabalho se acumula.

— Hoje, acompanhamos o tratamento de 3 mil pacientes. É uma marca gratificante, mas que expõe nossas limitações — observa Wilson Dewes, diretor-médico da Fundef.

A recepção comprimida não espanta quem precisa. No começo do mês, Jéssica Barbieri, 21 anos, pegou carona em uma ambulância de Guarani, às 3h, com a filha Laura, de um ano e três meses, para consulta em Lajeado. Foi marcar a cirurgia para corrigir a abertura no céu da boca da garotinha dos olhos azuis.

— Antes de ela fazer um mês, já tínhamos vindo por que ela não conseguia sugar o mamá. Depois, fizemos a cirurgia de rinoplastia e mais um monte de exames. Já foram tantas consultas que a Laura nem estranha mais os médicos — conta Jéssica.

As saletas que a Fundef ocupa desde a fundação, em 1991, acabaram virando multiuso: a gerência é também almoxarifado, e quando há muito movimento serve como um segundo consultório. A psicóloga atende em um espaço dividido com caixas de documentos. Como usa a sala cirúrgica do Hospital Bruno Born, sempre movimentada, a Fundef reduziu os procedimentos de 60 para 30 por mês.

— Temos 60 funcionários e dezenas de voluntários. Com um espaço mais amplo, dispondo de UTI e bloco cirúrgico, poderemos potencializar o trabalho, inclusive atendendo particular e convênios — planeja Strassburger.

O problema está no preço da sede própria: R$ 15 milhões. Em setembro passado, o conselho se reuniu para discutir as fontes de recursos e decidiu por buscar doações de empresas e pessoas físicas. A ideia é homologar, até o início do ano que vem, o projeto para que receba doações dedutíveis de Imposto de Renda. A prefeitura ofereceu terrenos para doação, mas a Fundef ainda não decidiu qual será o novo endereço na cidade.

Uma tentativa de receber recursos do governo federal ocorreu no final do ano passado. O projeto foi encaminhado ao orçamento da União para 2014, mas acabou derrubado — repasses do Ministério da Saúde para obras em órgãos privados só podem ocorrer se o dinheiro passar pela prefeitura, mas isso implicaria em uma complexa mudança do estatuto da Fundef.

Rosimar quer ir à balada

Nascer com lábio leporino foi como ter pego uma estrada que sempre levou Rosimar Lourenço a caminhos distintos dos de seus amigos. Na escola, não participava da redação oral, e nas rodas de leitura, a professora pulava sua vez em razão de dificuldades na dicção. Na adolescência, dispensava o convite para ir às danceterias: não gostava da maneira como os desconhecidos o olhavam.

— Sempre dava uma desculpa para não sair. Ficava jogando bola até tarde e depois ia para casa dormir — conta.

Filho de agricultores, iniciou o tratamento aos 13 anos, quando passou por uma cirurgia para reconstruir o palato. Aos 29, soma inúmeras visitas à Fundef. Foi atendido por fonoaudiólogos, dentistas, fisioterapeutas e cirurgiões em operações para reconstruir nariz e boca. Há duas semanas, se preparava para a cirurgia mais complicada (marcada para amanhã), que irá realinhar o maxilar e a parte superior da face. Quando tirar as ataduras, já sabe o que vai fazer:

— Vou cair na balada.

O lábio leporino

* É uma abertura na região do lábio ou palato, que ocorre entre a quarta e a décima semana de gestação. Ocorre um caso para cada 800 nascimentos.

* A medicina ainda não sabe exatamente a causa. As hipóteses são condições genéticas e ambientais, atribuídas ao efeito de agrotóxicos em produtoras rurais ou à ingestão de álcool, drogas e medicamentos no início da gravidez.

* As fissuras podem causar dificuldades na alimentação, na respiração, na fala e até perda de audição.

* Conforme a Fundef, há no Rio Grande do Sul 12 mil casos. Os outros centros de referência no Estado são o Hospital de Clínicas, na Capital, e o Hospital do Círculo, em Caxias.


Autor: Erik Farina
Fonte: Zero Hora
Autor da Foto: Ricardo Duarte

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