Na abertura oficial da 1ª Semana Municipal de Doação de Medula Óssea – Lei Matheus, um número foi mais do que comemorado: em quatro horas, 100 pessoas se cadastraram como doadores na unidade móvel do Hemocentro que passou pelo Parque Farroupilha no primeiro fim de semana da campanha. O objetivo é justamente esse, sensibilizar as pessoas para a importância do cadastro e de salvar vidas. A solenidade foi no Salão Nobre do Paço Municipal.
A primeira edição do evento foi aberta oficialmente pelo prefeito José Fortunati, e acontece de 7 a 14 de dezembro na Capital, com ações de mobilização e coleta de sangue. Fortunati destacou a importância da conscientização na luta contra a leucemia. “Ao conhecer e entender a doença e as chances de cura, as pessoas se tornam mais dispostas a ajudar. E precisamos desses doadores. Sem eles, não existem políticas públicas, pesquisas e tratamentos que possam vencer sozinhos a leucemia”, afirmou.
A vereadora Jussara Cony, autora da Lei Matheus, em homenagem ao neto que morreu com leucemia, ressaltou o pioneirismo de Porto Alegre ao instituir a Semana Municipal. “É a primeira capital a ter esse evento e temos que garantir que nunca vai terminar. Temos que nos tornar um marco, um modelo. Temos que deixar esse legado”, disse. Depois, falou sobre a soma de esforços entre as secretarias e entidades envolvidas para fazer com que o evento fosse possível. A semana municipal é uma realização da Prefeitura de Porto Alegre, por intermédio das secretarias municipais de Saúde e de Governança Local, e da Câmara Municipal, com o apoio do Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul, da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde e do Grupo Hospitalar Conceição.
Também participaram do ato o secretário municipal de Governança Local em exercício, Carlos Siegle de Souza, o adjunto da Saúde, Diego Nunes, a coordenadora de Captação de Medula Óssea do Hemocentro do RS, Maria de Lourdes Peck, e o deputado federal Beto Albuquerque, autor da Lei Pietro, que institui a data em âmbito nacional. Com conhecimento de causa, o parlamentar falou sobre o drama dos pacientes e familiares na luta contra a leucemia. “O Brasil já avançou muito. Mas com informação podemos avançar mais. Eu lutei três meses contra a doença do meu filho e passava pelas pessoas nas ruas pensando que todas poderiam ser doadoras. E isso te deixa impotente, não é suficiente, as pessoas devem se cadastrar”, concluiu.
Legislação municipal - A Lei Matheus, que institui a semana municipal, foi aprovada por unanimidade na Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito José Fortunati. A iniciativa foi inspirada na Lei Pietro, de âmbito nacional, de autoria do deputado federal Beto Albuquerque, em homenagem ao filho falecido em decorrência da leucemia. Em Porto Alegre, a lei foi proposta pela vereadora Jussara Cony, que também teve o neto Matheus vitimado pela doença.
Conforme o secretário municipal de Saúde, Carlos Henrique Casartelli, o transplante de medula óssea é a melhor chance de sobrevivência para vítimas de leucemia e outras doenças graves. "O sucesso depende da compatibilidade sanguínea entre doador e paciente. Por isso, a importância da formação de grandes cadastros de doadores, o que aumenta as chances de se encontrar um doador compatível", defende Casartelli.
Mobilização municipal - A Semana Municipal de Doação de Medula Óssea antecede a semana nacional, realizada na sequência, até 21 de dezembro. Além de sensibilizar a população em geral, os eventos buscam disseminar entre os municípios brasileiros a importância de definir ações para estimular a doação e a criação de mais hemocentros capazes de receber, estocar amostras e compartilhar os dados com as redes nacionais e internacionais.
Com a semana local e a nacional em sequência, Porto Alegre terá 14 dias de atuação conjunta entre órgãos municipais, estaduais e federais para divulgar também o procedimento da doação, que se inicia com a extração de apenas 5 ml de sangue e o preenchimento de um formulário com informações do doador. A programação inclui atos no Hospital Conceição na terça-feira, 9, às 13h30, e na Esquina Democrática, na quarta-feira, 10. No dia 17, durante a semana nacional, a unidade móvel do Hemocentro estará das 9h às 13h na Câmara Municipal.
Números - O Rio Grande do Sul tem nove hemocentros capacitados para manter estoques de medula óssea. Esta rede é coordenada pelo Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, contando com o reforço do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Hospital Conceição. Cada hemocentro tem uma cota anual de captação de amostras de medula óssea. O Hemocentro da Capital tem uma cota de 5,3 mil amostras.
De acordo com Maria de Lourdes Peck, coordenadora de Captação de Medula Óssea do Hemocentro do RS, o efeito das campanhas de conscientização pode ser aferido pelo número de doadores compatíveis em 2013, com 53 amostras. “É um índice muito bom, levando-se em consideração que o parâmetro é de um doador compatível para cada 100 mil amostras”, salienta. Os estoques integram uma rede nacional e internacional de hemocentros, que compartilha informações para a busca mais rápida possível. O Brasil tem cerca de quatro milhões de pessoas cadastradas, sendo o país com terceiro maior cadastro de doadores, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Alemanha.
Informações sobre a doação
- São organizados registros de doadores de medula óssea - cadastro de pessoas dispostas a doar.
- A pessoa precisa ter entre 18 e 55 anos incompletos e estar em bom estado geral de saúde (não ter doença infecciosa ou incapacitante).
- Uma vez no cadastro, a pessoa poderá ser chamada, se identificada como compatível com algum paciente, até os 60 anos.
- O interessado deve ir aos locais listados para coletar 5ml de sangue e preencher um formulário com informações pessoais.
- O sangue passará por exame de compatibilidade (Histocompatibilidade - HLA), que identifica as características genéticas que podem influenciar no transplante. O tipo de HLA será incluído no banco de dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea - (Redome).
- Quando houver necessidade de um transplante, o Redome será consultado pelo Inca, e, se for localizado um doador compatível, a pessoa será chamada para decidir sobre a doação da medula.
Local de doação em Porto Alegre
Hemocentro do Estado (Hemorgs)
Av. Bento Gonaçalves, 3722 - Partenon
Telefones: 51 - 3336.6755 e 3336.2843