
Uma clínica de aborto que funcionava em Porto Alegre foi fechada pela Polícia Civil na tarde desta quarta-feira. Um médico e uma paciente foi presos durante a ação.
O estabelecimento, que funcionava na Avenida Independência, no Centro, era monitorado há dois meses pela Polícia Civil e atendia mulheres que necessitavam realizar aborto, procedimento considerado ilegal atualmente no país. Há exceção apenas para casos em que a gravidez é resultante de estupro, oferece risco de vida para a mãe ou o feto foi diagnosticado como anencéfalo.
Nesta quarta-feira, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão no local, onde um médico estava realizando um aborto. O profissional, que tem antecedentes criminais por aborto, e a paciente foram presos em flagrante. Materiais utilizados nos procedimentos foram apreendidos.
Abortos ilegais estão entre as principais causas de mortalidade materna
Por ser considerado ilegal, o aborto está entre as principais causas de mortalidade materna no Brasil, segundo uma pesquisa divulgada no final de 2014 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Conforme o relatório de monitoramento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw), 99.633 mulheres foram internadas por aborto não espontâneo no país em 2012, o que representa 10% do total de internações por parto.
No Brasil, uma em cada cinco mulheres fez aborto até os 40 anos, segundo a Pesquisa Nacional do Aborto, feita em 2010. O estudo também revela que 55% das gestantes que realizaram o procedimento tiveram de procurar atendimento médico para finalizá-lo. Outro levantamento realizado em 2010 mostrou que, entre 1995 e 2007, as internações por aborto foram as cirurgias mais realizadas pelo SUS, totalizando 3,1 milhões. O número supera 1,8 milhões de cirurgias de hérnias, por exemplo.