Um estudo, recentemente publicado na revista Journal of Cancer Epidemiology, mostrou a correlação entre estar acima do peso, fumar e desenvolver câncer de mama. O que torna este estudo singular é que os diagnósticos não têm relação com as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que predispõem as mulheres ao cancro mamário.
Ao invés disso, mulheres com tais mutações genéticas não participaram do estudo, de forma a permitir que os pesquisadores se concentrassem em fatores concernentes ao estilo de vida, como o hábito de fumar, de praticar exercícios físicos, a qualidade nutricional e a quantidade de massa corpórea. Todas as mulheres analisadas no estudo são descendentes diretas dos primeiros colonos franceses.
"Este é o primeiro estudo conduzido com mulheres não portadoras dos genes BRCA1 e BRCA2, que são frequentemente encontrados em mulheres Franco-Canadenses”, diz o autor Vishnee Bissonauth, pós-graduado em Nutrição pela Universidadde de Montreal (Université de Montréal's Department of Nutrition) e pesquisador do Hospital Centro Universitário de Pesquisa Sainte-Justine (Sainte-Justine University Hospital Research Center).
O estudo verificou que o ganho de peso, depois dos 20 anos de idade, aumenta o risco de câncer de mama. Se o ganho for maior do que 15,5kg, o risco aumenta em torno de 68%. Este aumento depende da etapa de vida em que se deu o ganho de peso. Uma mulher que engordar mais de 10kg depois dos seus 30 anos, ou mais de 5,5kg depois dos 40, tem o risco de câncer de mama dobrado em comparação àquela que o mantiver estável. O risco triplica se o índice de massa corporal estiver no seu máximo depois dos 50 anos de idade.
A equipe de pesquisadores também encontrou que fumar uma carteira de cigarros ao dia, durante nove anos, aumenta em 59% a probabilidade de desenvolver câncer de mama. O impacto do cigarro diminui durante a menopausa feminina, mas o risco permanece em 50%. De acordo com Bissonauth, a correlação entre essas variáveis (cigarro e cancro mamário) requer mais estudos.
Nessa investigação também se encontrou que atividades físicas moderadas diminuem em 52% o risco desse tipo de câncer em mulheres que se encontram em períodos pré e pós-menopausa. A relação também é observada em mulheres praticantes de atividades físicas intensas, mas a diferença de riscos da doença não é significativa. Isto ocorre porque aquelas que praticam atividade moderada tendem a fazê-la regularmente, por sua vez, as mulheres que fazem exercícios físicos de forma intensa acabam, em geral, deixando a atividade em poucas semanas.
"Câncer é uma doença complexa e pode permanecer latente por muitos anos, explica Bissonauth. "Portanto, é importante trabalhar em fatores que podem ser controlados, como ter um estilo saudável de vida, que significa manter o peso estável, evitar o tabaco e praticar exercícios físicos regularmente."
Sobre o estudo: O artigo "Weight History, Smoking, Physical Activity and Breast Cancer Risk among French-Canadian Women Non-Carriers of More Frequent BRCA1/2 Mutations," publicado na revista Journal of Cancer Epidemiology, foi desenvolvido pelos autores Vishnee Bissonauth, Bryna Shatenstein, Eve Fafard, et al.
Parceiros de pesquisa: Este estudo foi apoiado por Montreal Cancer Institute e Fonds de la recherche en santé du Québec.
Sobre o “Sainte-Justine University Hospital Research Center": www.recherche-sainte-justine.qc.ca/en/
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Sylvain-Jacques Desjardins
International press attaché
Université de Montréal
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