Com uma dívida estimada em R$ 700 mil para serviços médicos, o Hospital Beneficente São Vicente de Paulo, em Osório, decidiu suspender cirurgias e partos, por tempo indeterminado, a partir desta quarta-feira. Estão atrasados, desde abril, os salários de anestesistas, cirurgiões e pediatras. Sem saída para pagar funcionários e manter os serviços em plena atividade, o atendimento será redirecionado para os hospitais de Capão da Canoa e Tramandaí.
Somente casos urgentes serão atendidos no São Vicente de Paulo, onde são realizados, em média, 120 partos por mês e cerca de 70 cirurgias, sendo a maioria pelo SUS.
O principal motivo para a crise financeira enfrentada pelo hospital é o recente cancelamento de um repasse de R$ 13 milhões do governo estadual a hospitais públicos e filantrópicos. A medida foi tomada pela Secretaria da Fazenda para evitar o parcelamento do salários de servidores. O outro problema está no novo contrato firmado com a Prefeitura de Osório, que reduziu a verba para serviços contratados do centro cirúrgico e obstétrico.
— A prefeitura deixou de repassar a verba de antes, o Estado cortou o incentivo e ainda tivemos um incremento de R$ 45 mil mensais na folha de pagamento. Sem falar na conta de luz, que passa de R$ 10 mil por mês. Não é que não queremos atender ou má vontade. É que estamos sem perspectiva para quitar as dívidas. Não existe outra alternativa a não ser suspender os atendimentos — afirma o diretor jurídico do hospital, Marco Pereira.
O prefeito de Osório, Eduardo Cardoso Abrahão, diz que os repasses estão em dia e pondera que foram investidos cerca de R$ 18 milhões nos últimos três anos e meio no hospital.
— Está tudo rigorosamente em dia por parte da prefeitura nos serviços contratados. Acontece que a crise financeira do hospital não é de hoje. É uma situação que vem se arrastando ao longo dos anos. Mas é claro que estamos preocupados. É um problema sério.
Segundo o hospital, diversas tratativas foram realizadas com a Secretaria Estadual de Saúde para viabilizar a manutenção dos serviços, já que o hospital atende outras cidades vizinhas — como Palmares do Sul, Capivari do Sul, Santo Antônio da Patrulha, Caraá, Mostardas e Tavares. No entanto, nenhuma prosperou.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde divulgou uma nota na qual informa que os repasses ao hospital estão em dia e que o motivo para a falta de acordo com a direção é um pedido de reajuste de 80% nos valores mensais, o que não será atendido.
Confira a íntegra da nota enviada pela Secretaria da Saúde
O Hospital São Vicente de Paulo, do município de Osório, vem recebendo desde janeiro de 2015, um valor mensal de R$ 900 mil, correspondente ao pagamento dos serviços prestados ao Sistema Único de Saude (SUS) e de incentivos estaduais. Os repasses estão em dia, e além desses valores, o Hospital de Osório recebeu este ano R$ 1 milhão, em duas parcelas, de forma extraordinária para apoiar a reestruturação da instituição, atingida por um incêndio em 2014.
De acordo com o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, a direção do São Vicente de Paulo já foi recebida três vezes pelo gabinete da SES, sendo duas audiências realizadas em Porto Alegre e uma no próprio município de Osório. “ O hospital está pleiteando um reajuste de 80% nos valores mensais, por isso não houve e acreditamos que não será possível um acordo, apesar de toda a disposição para encontrarmos um denominador comum e garantir o atendimento da população”, informou o secretário.
Neste momento, a 18ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), com sede em Osório, está orientando que a comunidade local procure atendimento nos hospitais de Tramandaí e Capão da Canoa, todos localizados no Litoral Norte do RS.
Neste momento, a 18ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), com sede em Osório, está orientando que a comunidade local procure atendimento nos hospitais de Tramandaí e Capão da Canoa, todos localizados no Litoral Norte do RS.
