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Imaturidade emocional dificulta diagnóstico da depressão na infância
 
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10/07/2015

Imaturidade emocional dificulta diagnóstico da depressão na infância

Com uma incidência cada vez maior entre crianças e adolescentes, o transtorno tem despertado a atenção de especialistas

Engana-se quem pensa que depressão é coisa só de gente grande. Ela também aparece nos pequenos, seja sob a forma de problemas para dormir, dores constantes sem explicação, melancolia ou até excesso de agressividade. Com uma incidência cada vez maior entre crianças e adolescentes, o transtorno tem despertado a atenção de especialistas, preocupado os pais e colocado as escolas em alerta.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a depressão atinge quase 20% da população brasileira — sendo que os índices entre crianças e adolescentes variam de 1% a 5%. Isso significa que ela pode estar atingindo mais de 8 milhões de crianças no país — número que vem aumentando a cada ano.

Associada a fatores que vão desde a predisposição genética (a chance de que os filhos sejam depressivos é quatro vezes maior nas famílias em que pai e mãe apresentam a doença) até a experiência de episódios traumáticos no ambiente familiar, a manifestação é envolta em sutilezas, já que os pequenos não têm a mesma capacidade que os mais velhos de perceber a doença, muito menos de expressá-la.

— A imaturidade emocional e cognitiva não permite, muitas vezes, que a criança nomeie os sentimentos e as emoções que serão fundamentais para o diagnóstico clínico de depressão. Elas não têm clareza de que estão tristes ou desanimadas, percebem apenas que estão com menos capacidade para se divertir, ver os amigos — destaca Miguel Angelo Boarati, psiquiatra da infância e da adolescência e coordenador do ambulatório de transtornos afetivos e do Hospital Dia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Por isso, explica o especialista, é fundamental que os pais fiquem atentos a mudanças bruscas de comportamento, sejam elas de excitação em excesso, diminuição na vontade de brincar e até baixa no rendimento escolar. Como muitos desses sintomas podem ser confundidos com birra ou mau humor — típicos da idade —, é preciso verificar o tempo que perduram. Se forem recorrentes e persistirem por mais de duas semanas, talvez seja hora de procurar a ajuda de um profissional.

Pressão de adulto, vida de criança

Os transtornos psicológicos da infância podem ser acionados por diversos gatilhos — como experiências frustrantes que a criança tenha enfrentado e bullying na escola. O estilo de vida que levamos também pode estar contribuindo, e muito, para o aumento de crianças e adolescentes depressivos, destaca a psicóloga Carolina Schneider Silva, do Hospital da Criança Santo Antônio da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre:

— A exigência da sociedade e dos adultos vem tornando as crianças mais ansiosas. É a pressa para sair de casa, a rotina tomada de compromissos inadiáveis, a pressão de um dia em que tudo precisa dar certo. Tudo isso gera um estresse que pode desencadear um quadro depressivo.

É o que defende também o psiquiatra Miguel Boarati. Segundo o médico, cobranças excessivas por desempenhos que estão acima das capacidades das crianças, mesmo que sejam temporárias, podem criar a ideia de que elas são menos capazes.

— As expectativas exageradas ou projeções de desejos dos pais podem gerar quadros ansiosos que vêm acompanhados de episódios depressivos — complementa.

Fique de olho nos sinais

Crianças e adolescentes com depressão costumam apresentar alguns sintomas em comum:

— Mudança de humor permanente, com piora da irritabilidade e da tristeza
— Tendência a isolamento e afastamento das atividades de lazer e dos amigos
— Perda ou ganho de apetite
— Prejuízos do sono
— Medos infundados associados a um desejo de ficar em casa
— Piora do rendimento escolar (notas baixas ou menor interesse pelos estudos)
— Queixas de cansaço físico, dores ou outras queixas físicas que não se associam a algum problema orgânico
— Irritabilidade, agressividade e pessimismo

Fases de desenvolvimento

A apresentação da depressão infantil também varia conforme a idade da criança:

Idade pré-escolar (até cinco anos): melancolia, enurese (xixi na cama), crises de choro, regressão no desenvolvimento psicomotor, insônia e pesadelos.

Idade escolar (de seis a 12 anos): os sintomas estão mais relacionados a aspectos de sociabilidade, como perda de interesse por atividades que gostava de desenvolver, tristeza, dificuldade de relacionamento com família e amigos, irritabilidade, ganho ou perda excessiva de peso e desenvolvimento de doenças associadas, como úlcera e gastrite.

Adolescentes: intensificação dos sintomas apresentados na infância, com alteração do humor, ansiedade, agressividade e baixa autoestima. Em casos mais graves, são observados comportamentos de alto risco, como abuso de drogas e até mesmo suicídio.

O que fazer

É importante que os pais possam acolher seus filhos, procurar entender o que está acontecendo e buscar auxílio psicológico. Algumas mudanças ambientais também podem ser indicadas, com a redução dos fatores de estresse a que a criança está exposta. Normalmente, a psicoterapia e o apoio familiar são suficientes para que a criança fique bem. Entretanto, às vezes, é necessário auxílio psiquiátrico e medicamentoso.

O tratamento

O tratamento psiquiátrico ensinará a criança a identificar os seus sentimentos e a desenvolver estratégias para lidar com o sofrimento, de acordo com a psicóloga Carolina Schneider Silva. Em casos mais graves, especialmente em crianças mais velhas e em adolescentes, pode ser necessário o uso de medicação antidepressiva ou de estabilizadores do humor, mas é preciso avaliação e acompanhamento médico rigoroso para que os benefícios sejam maiores do que potenciais riscos do tratamento medicamentoso.


Autor: Redação
Fonte: Zero Hora

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