A crise na saúde pública já atinge os usuários da rede de atenção básica que precisam de exames laboratoriais em Santa Maria. Segundo a a Associação dos Laboratórios de Análises Clínicas da Região Centro do Estado, os 11 laboratórios que integram a entidade pararam de fazer o exame de tireoide pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde o início deste mês. O motivo é o mesmo que tem gerado a crise: a falta de repasses do Estado.

O montante da dívida com os laboratórios é de cerca de R$ 500 mil. O valor é a soma de uma pendência de novembro de 2014 (R$ 400 mil) e de 20% do repasse referente ao mês de abril (cerca de R$ 100 mil), que não foram pagos.

A associação esclarece que as equipes dos laboratórios continuam indo até as unidades básicas de saúde, fazendo as coletas de sangue e realizando os demais exames. Porém, conforme a entidade, o da tireoide não está sendo feito por ser o de maior custo para os laboratórios (o valor não foi informado). As pessoas que precisarem deste exame e resolverem esperar até que situação se normalizar terão de fazer nova coleta de sangue. Caso não possam esperar, terão de pagar um exame particular.

- Um hospital não funciona sem laboratório. Em torno de 70% dos diagnósticos dependem de exames laboratoriais. Mas, se continuarem os cortes, nosso trabalho fica inviável. Temos custos muito altos de produção e não temos como parcelar pagamento de fornecedores de insumos e de reagentes _ argumentou Rafael Silveira, representante da associação.

Apesar de se tratar de dívida estadual, a Secretaria de Saúde do município está tratando do caso. Ao total, são realizados entre 40 mil e 50 mil exames laboratoriais (de diversos tipos) pelo SUS por mês na cidade. A secretaria anunciou, na semana passada, que só serão autorizados exames previstos no protocolo do Ministério da Saúde para cada doença. A medida faz parte da contenção de despesas da pasta que sofre os efeitos da falta de repasses estaduais. Sobre o exame de tireoide, a coordenadora da Atenção Básica, Maria Susana Lopes, disse que os médicos dos postos foram ouvidos e que eles consideram o exame básico e que não poderia deixar de ser feito, sob risco de penalizar a população. A secretaria está tentando marcar uma reunião com a associação dos laboratórios para tratar do assunto.

Os laboratórios também reclamam da defasagem da tabela SUS, cuja última atualização teria ocorrido em 1994. Eles ainda pedem que, se forem liberadas linhas de crédito para hospitais filantrópicos, que os laboratórios sejam incluídos na medida.