Uma das doenças neurológicas mais frequentes no mundo, a epilepsia atinge 4 milhões de pessoas no Brasil — 2% da população —, segundo pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A proporção é maior do que a média mundial (1%). Dados do Ministério da Saúde apontam que, só este ano, 150 mil novos casos serão registrados.
Para combater o preconceito e a falta de informação em torno da doença, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) vai lançar, este mês, a campanha ‘Conscientização de epilepsia’. De acordo com dados do ministério, entre janeiro e maio, cerca de 17 mil pessoas foram internadas na rede pública de saúde em decorrência da doença.
Segundo Luiz Ataíde Júnior, membro da ABN, a epilepsia é causada por um desequilíbrio nas funções do cérebro. A doença, explica, pode ter origem genética ou ser decorrente de lesões na cabeça, provocadas por tumores, derrames ou traumatismos cranianos.
“Não tem relação alguma com problemas psicológicos ou religiosos. Infelizmente, muitas pessoas ainda têm preconceito com a doença. Se o paciente for tratado de forma correta, em cinco anos pode estar totalmente curado e levar uma vida normal”, ressalta Luís Ataíde Júnior, acrescentando que as faixas mais afetadas são crianças e idosos.
Os sintomas mais conhecidos são desmaios, perda de consciência e contrações. Porém, lembra o especialista, as crises podem ser sutis, afetando apenas partes isoladas do corpo, com rigidez, dormência ou movimentos involuntários. Crianças com epilepsia podem apresentar crises de ausência, caracterizadas por olhar vago e interrupção repentina da atividade. Esse tipo de crise pode durar pouco e passar despercebida pelos pais.
O tratamento mais comum é feito com remédios, mas alguns casos são cirúrgicos. O diagnóstico da doença é baseado no histórico clínico do paciente e através de exames, como eletroencefalograma.