.
 
 
Metade das unidades de saúde de Porto Alegre registra casos de violência
 
Notícias
 
     
   

Tamanho da fonte:


29/09/2015

Metade das unidades de saúde de Porto Alegre registra casos de violência

Das 141 unidades médicas em Porto Alegre, 71 fizeram ocorrências por conta de assaltos, ameaças de morte e agressões no primeiro semestre deste ano

Além de criar um clima de pânico na Capital, a violência está batendo à porta de uma das áreas mais sensíveis para a população: a saúde pública. De janeiro a setembro deste ano, nove unidades de saúde fecharam por temor de tiroteio, ameaças ou agressões ocorridas dentro das estruturas.

BM reforça policiamento com 150 homens e posto da Cruzeiro é reaberto
Secretário da Saúde apela para que médicos retornem ao trabalho

Um levantamento do Diário Gaúcho mostra que, devido ao problema, a população de Porto Alegre já ficou neste ano 151 horas sem atendimento.

Os dados mostram que a violência que amedrontou a Cruzeiro nos últimos quatro dias está pulverizada por várias regiões da Capital. Foram afetados quatro Pronto Atendimentos (PA), referências em urgência e emergência, e cinco Unidades de Saúde (US), que atendem à população em consultas marcadas e fazem a entrega de remédios.

Onde foram os casos

Os postos com histórico de violência localizam-se no centro de regiões conflagradas, não por coincidência. No mapa, entenda como o tráfico e a guerra entre facções rivais ocorre nestes locais e acaba afetando a população:

Metade afetada

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), das 141 estruturas como Unidades de Saúde, Pronto Atendimentos e UPAs em Porto Alegre, pelo menos 71 queixaram-se de algum tipo de violência entre janeiro e julho deste ano.

Gesso ficou para segunda

Na última sexta-feira, o auxiliar administrativo Thiago Godoy, 32 anos, saiu de casa, na Avenida Antônio de Carvalho, na Zona Leste, para buscar atendimento no Pronto-Atendimento da Cruzeiro. Ele precisava trocar o gesso do braço, e enquanto aguardava no saguão, pelas 14h, foi surpreendido pelo tumulto das pessoas feridas no tiroteio. Ao perceber a situação, Thiago correu para se esconder dos agressores.

 — Foi uma cena lamentável. Fiquei sem o atendimento que eu precisava durante todo o final de semana, e tive que voltar hoje (segunda-feira) para trocar o gesso. Adiou em dois dias o tratamento. Não tinha nada que ver com a confusão, e acabei pagando a conta — disse o auxiliar.

Bebê sem atendimento

Em julho deste ano, a jovem Paola Souza Cunha, 17 anos, aguardava atendimento com a filha Tifany no colo quando uma discussão entre uma paciente e um funcionário tumultuou a Unidade de Saúde Timbaúva, no Bairro Mario Quintana.

Era a segunda consulta marcada da menina, então com dois meses, onde tiraria a medida, peso e receberia vacinas. O bate-boca aumentou e a paciente perdeu a paciência e quebrou o vidro da recepção. O clima de tensão fechou a unidade.

— Só consegui marcar a consulta para dez dias depois — lembra Paola.

Reflexos na comunidade

No domingo, o auxiliar de obra Aldomir Sampaio Alves, 31 anos, foi a pé até o postão da Cruzeiro para tentar atendimento para o filho, Davi Oliveira, dois anos. O menino estava com 40 graus de febre, conta a mãe, Tatiane de Oliveira. A família encontrou o posto fechado e acabou tendo de voltar ontem.

— Acho o cúmulo que a violência reflita na comunidade, principalmente em nossos pequenos. Não tenho como pegar transporte e procurar outro local. Querem que eu vá caminhando com meu filho até o Cristo Redentor? Queremos mais policiamento e respeito com a população — desabafa Tatiane.

Perigo imediato

Segundo levantamento do Simers, só neste primeiro semestre foram 17 casos graves de violência contra a saúde registrados na Capital. O número é o maior desde 2006, quando começou a ser contabilizado – em 2014, foram sete registros.

De acordo com o diretor do Sindicato, André Gonzales, o problema é crescente.

— Há inúmeras situações de perigo imediato. O problema é que a população busca atendimento com a perspectiva de que será bem atendida, de que terá recursos básicos. Porém, falta muita coisa: temos unidades com problemas e, principalmente, faltam profissionais — explica o médico.

"Cultura da paz"

Devido aos diversos relatos sobre situações de violência, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) criou um grupo de trabalho, formado por 24 profissionais de diversas áreas da saúde, focado em desenvolver ações e projetos para combater o problema nas unidades de saúde.

— O que acontece na Cruzeiro reflete a situação de violência presente em toda a cidade — afirma o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter.

Segundo Fernando, a SMS já trabalha para estabelecer a paz nos postos e busca dar apoio psicológico aos trabalhadores.

O secretário acredita que a melhor maneira para combater a violência nos postos de saúde não é aumentando a presença de vigias armados ou colocando grades, mas “promovendo a cultura da paz” nas comunidades e ações de melhoria nas instituições, como o acolhimento, medida que acaba com as filas na madrugada e já é presente em 70% das unidades. 


Autor: Manoela Tomasi
Fonte: Diário Gaúcho

Imprimir Enviar link

Solicite aqui um artigo ou algum assunto de seu interesse!

Confira Também as Últimas Notícias abaixo!

 
 
 
 
 
 
 
Facebook
 
     
 
 
 
 
 
Newsletter
 
     
 
Cadastre seu email.
 
 
 
 
Interatividade
 
     
 

                         

 
 
.

SIS.SAÚDE - Sistema de Informação em Saúde - Brasil
O SIS.Saúde tem o propósito de prestar informações em saúde, não é um hospital ou clínica.
Não atendemos pacientes e não fornecemos tratamentos.
Administração do site e-mail: mappel@sissaude.com.br. (51) 2160-6581