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Uma em cada nove gaúchas terá um tumor nas mamas até os 90 anos
 
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16/10/2015

Uma em cada nove gaúchas terá um tumor nas mamas até os 90 anos

São estimados uma média de 87,7 novos casos por ano para cada 100 mil mulheres no RS

Em maio deste ano, realizando um autoexame em frente ao espelho, a agricultora Maria Lisete Rambo, 47 anos, sentiu um caroço no seio esquerdo. O toque gerou um misto de tristeza e medo. Mas não de surpresa. Segunda mais nova entre seis irmãs, ela foi a quinta a ser diagnosticada com câncer de mama. O drama da família Rambo começou há cerca de quatro anos, com o anúncio do primeiro caso, e reflete uma tendência cada vez mais alarmante no Rio Grande do Sul.

Segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Mastologia, uma em cada nove mulheres gaúchas terá um tumor nas mamas até os 90 anos. É o que indica também o último balanço divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que aponta o Rio Grande do Sul como o segundo Estado com maior incidência da doença, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. São estimados uma média de 87,7 novos casos por ano para cada 100 mil mulheres gaúchas. Enquanto isso, a proporção nacional é de 56 novos casos anualmente.

Os motivos para a alta incidência no Sul são diversos e não totalmente elucidados, explica o oncologista Gilberto Schwartsmann, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Entre os fatores que predominam, está o estilo de vida dos gaúchos e o aumento na expectativa de vida das mulheres:

– Temos um estilo de vida muito parecido com o europeu e norte-americano, com uma rotina predominantemente urbana, altas taxas de obesidade, elevado grau de estresse e pessoas vivendo cada vez mais, morrendo menos por outras causas. A soma destes fatores contribui, e muito, para o aumento da incidência do câncer de mama.

Risco aumenta depois dos 40

Isso porque, explica o especialista, depois dos 40 anos, o risco de desenvolver a doença aumenta significativamente. Quase 80% dos casos ocorrem nesta faixa etária.

Segundo o médico Tomás Reinert, diretor-científico do Centro de Pesquisa da Serra Gaúcha (Cepesg) e oncologista do Instituto DeVita, em Caxias do Sul, outro fator que pesa é o fato de as mulheres gaúchas terem cada vez menos filhos e engravidarem mais tarde:

– Durante a vida reprodutiva, os hormônios da gravidez provocam mudanças nas células mamárias que inibem a formação de tumores. Já na menopausa, mulheres que nunca tiveram filhos têm cerca de quatro vezes mais chances de desenvolver a doença.

A questão genética, explica José Luiz Pedrini, vice-presidente da Região Sul da Sociedade Brasileira de Mastologia, é outro fator que pode contribuir para os altos índices de câncer de mama no Rio Grande do Sul:

– Grande parte de nossa população é de descendência caucasiana, e estes são povos que têm maiores incidências da doença. Mas isso não significa que quem não tem histórico familiar não deve se preocupar. É uma doença cada vez mais comum e multifatorial. Ou seja, não devemos esperar os sintomas aparecerem para começar a tratar.

Exame genético da família

No caso da família Rambo, foi o primeiro diagnóstico, de Ana Ilva, então com 62 anos, que alertou as demais mulheres para a importância dos exames. Sofrendo calada as consequências da doença por meses, ela só comunicou as irmãs que algo não estava bem quando não conseguiu mais esconder o problema. Era tarde demais.

– Minha irmã estava em um estágio muito avançado do câncer, e tratamento nenhum conseguiu salvá-la. A morte de Ana Ilva serviu de alerta para todas nós. Começamos a fazer revisões periódicas e, com o aumento no número de casos na família, já estamos inclusive tomando medidas preventivas – conta Maria Lisete.

Foram os exames de rotina que indicaram, uma a uma, a presença da doença nas outras quatro irmãs. Hoje completando cinco meses de um tratamento bem-sucedido, a agricultora comemora o sucesso das outras irmãs.

Atualmente, todas as filhas, netas e sobrinhas delas estão fazendo controles desde cedo e serão submetidas ao exame genético, que indicará se a família tem a presença dos genes que aumentam a predisposição para a doença.

– Se necessário, e conforme recomendação médica, pensamos até em fazer a retirada preventiva das mamas – diz Maria Lisete.

É este aprendizado que faz com que nem todos os números relacionados ao câncer de mama sejam negativos. Enquanto a incidência continua crescendo, a taxa de mortalidade pela doença segue em direção oposta. E isso, explica o oncologista Tomás Reinert, deve-se principalmente pelo aumento no número de mulheres que buscam um diagnóstico precoce.

– Infelizmente, é uma doença que não pode ser totalmente prevenida, porém, quando o diagnóstico é feito em estágio inicial, a chance de cura é superior a 90%.

Além disso, o oncologista e pesquisador do Instituto do Câncer Mãe de Deus Stephen Stefani destaca que mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e prática de atividades físicas, podem diminuir em até 30% o risco de desenvolver a doença.


Autor: Jaqueline Sordi
Fonte: Zero Hora
Autor da Foto: Tadeu Vilani

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