A construção de dois novos anexos do Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, saiu do chão e ganhou visibilidade ao longo do segundo semestre deste ano.
Em julho, o canteiro de obras apresentava apenas os pilares da futura estrutura destinada a aumentar em cerca de 70% a área do hospital. Hoje, com o dobro de trabalhadores, estão edificadas estruturas de dois pavimentos subterrâneos e de outros quatro andares acima do nível solo — o que já permite visualizar o esqueleto de futuras áreas como estacionamentos, recepção, atendimento ambulatorial e emergência.
Até o momento, a construção mantém-se como uma das poucas obras públicas em execução no Estado sem atraso no cronograma. Os dois novos prédios, com 53,9 mil metros quadrados (anexo 1, com dois subsolos e sete andares) e 30,1 mil metros quadrados (anexo 2, com dois subsolos e seis andares) atingiram 25% de conclusão. Isso mantém inalterada a previsão de inauguração dos novos espaços em novembro de 2017, quando serão entregues 150 novos leitos e uma nova emergência três vezes maior do que a atual.
Até julho, quando a ampliação completou um ano, contava com 310 trabalhadores para executar serviços como a implantação de uma cinta de concreto para conter o terreno ao redor da escavação para os estacionamentos subterrâneos e a fixação dos pilares da estrutura.
O uso mais intenso de máquinas naquela fase permitia um número menor de funcionários. Atualmente, mais de 600 operários ocupam o canteiro de obras para erguer os pavimentos, em um trabalho mais "artesanal" do que o das fases iniciais. No ano que vem, o contingente deverá chegar a mais de mil.
Para manter o ritmo, além da evolução prevista no número de funcionários, foi necessário driblar o impacto das chuvas torrenciais de outubro. Graças a um sistema de drenagem pluvial, a área escavada, que fica nove metros abaixo do nível da Avenida Protásio Alves, se manteve sem alagamentos.
— A água foi acumulada em reservatórios e reutilizada no processo de construção — conta o engenheiro responsável pela obra, Fernando Martins Pereira.
No momento, além da implantação dos pavimentos, estão em instalação sistemas hidráulicos, elétricos e anti-incêndio. O custo da obra, inicialmente estimado em R$ 408 milhões, foi reduzido para R$ 397 milhões graças à aplicação da Lei de Desoneração Fiscal da Folha de Pagamento.
A ampliação permitirá aumentar as vagas do Centro de Tratamento Intensivo de 54 para 110 vagas, passar de 28 para 41 salas no bloco cirúrgico e oferecer uma nova emergência três vezes maior do que a atual, entre outras melhorias.
Curiosidades
- Duas câmeras monitoram a obra 24h por dia e transmitem as imagens para um telão na sala da presidência do hospital e para um aplicativo no celular do engenheiro responsável, a fim de aumentar o controle sobre a ampliação
- Como a construção dos pavimentos exige a instalação de uma malha de metal que pode atrair descargas elétricas, imagens de satélite e de radar são monitoradas para vigiar possíveis tempestades - que podem levar a interrupções temporárias do trabalho por segurança
- Já foram utilizados mais de 24 mil metros cúbicos de concreto até o momento, o suficiente para encher cerca de 3 mil caminhões, e 2,1 mil toneladas de aço
Como será o novo Clínicas
Anexo 1
53,9 mil m²
Sete andares e dois subsolos
Dois subsolos - 504 vagas de estacionamento
Térreo - Emergência com 5.159,92 m², três vezes maior do que a atual
2º andar - Hemodinâmica (número de salas aumenta de três para quatro), vestiário, anestesiologia
3º andar - Recuperação pós-anestésica, com 90 leitos e 60 poltronas de recuperação. Atualmente, são 22 leitos.
4º andar - Bloco Cirúrgico e Centro Cirúrgico Ambulatorial — o bloco cirúrgico passará de 28 para 41 salas. Ressonância magnética e salas de aula
5º andar - Centro de material esterilizado, laboratório de patologia, salas de aula
6º e 7º andares - Centro de Tratamento Intensivo somando 110 leitos, salas de aula
Anexo 2
30,1 mil m²
Seis andares e dois subsolos
Dois subsolos - 218 vagas de estacionamento
Térreo - Atendimento ambulatorial, recepção e registro de pacientes
2º andar - Endoscopia, que passará de cinco para 10 leitos, e diálise, que hoje conta com 19 poltronas e terá 34 leitos adultos e dois pediátricos.
3º andar - Hospital-dia (para pacientes que não necessitam de internação, mas de tratamento contínuo por enfermidade crônica), que passará de seis poltronas para 16 leitos adultos e 4 pediátricos. Novas instalações da fisiatria.
4º, 5º e 6º andares - Setores administrativos e auditório